<$BlogRSDUrl$>

segunda-feira, novembro 24, 2003

NÓS PAGAMOS ! : Magnífico artigo de M. Fátima Bonifácio do Publico de hoje sobre a contestação às propinas. Tudo (ou quase tudo) o que penso sobre o assunto está lá escrito. Prometo escrever algo mais sobre a matéria daqui a alguns dias. Até lá, entretenham-se. JR

sexta-feira, novembro 21, 2003

CHUVA (II): Desde o início da tarde que chove sem parar. E eu no quentinho, no bem-bom, sentindo-me reconfortado e protegido de cada vez que a chuva bate com mais força nos vidros da janela. JR


INVERNO

Uma chuva serena, miudinha
solta contas de prata na vidraça.
O frio só o sente o corpo ausente
do fogo carinhoso que o abraça.
No lar aconchegado, a melodia
do vento e da água nos beirais,
É tão suave, tão aliciante!
Que ela se prolongue mais… e mais…


Soledade Summavielle, in Âmago (1967)

MAIS DOIS: Mas nem tudo é mau no Correio da Manhã: às Sextas-Feiras escreve Alberto Gonçalves, um dos mais lúcidos e incisivos colunistas a surgir entre nós nos últimos anos. Dá vontade de perguntar como é que um escriba daquele calibre escreve para um pasquim daqueles. Mas qualquer que seja a resposta, o seu blog Homem a Dias é desde há alguns tempos um dos meus locais de passagem obrigatórios. A partir de hoje, os Meninos de Ouro terão o seu link. O outro é o do A Praia, um blog de Ivan Nunes, e que é uma das minhas melhores descobertas nas últimas semanas. Uma escrita introspectiva, cuidada, pessoalíssima e de um bom gosto invulgar. Para meu deleite (e do Ricardo, porque não?), o senhor é também um cinéfilo. Fiquei fã. JR
LISBOA (da nossa delegação) - Não compro nem leio o Correio da Manhã. Aprendi a não gostar daquele jornal. O Correio da Manhã é um espelho de um pais que existe, mas no qual não me reconheço. Mas que existe, existe, e é insuportavelmente real: o Feijó, o Fogueteiro, Queluz de Baixo. O Cacém. É de facto o diário tuga por excelência. Dezenas e dezenas de notícias curtinhas, em prosa insuportavelmente impessoal e académica, relatando crimes e bugigangas, golos e pulhices, zangas e acidentes. Alguma política. Nenhuma opinião. Sobretudo futebol. No autocarro, na carruagem, ao fim do dia, relido pela enésima vez. O Portugal de todos os dias a desfilar naquelas páginas. Cinzento, monótono e distante, tal e qual o subúrbio distante a desfilar em screen-saver pela janela. É um jornal que não informa, antes conforma. Ás vezes, em casa de vizinhos ou num qualquer snack perdido lá o vou folheando, satisfazendo o meu vício de leitura quando só me apetece enfiar num buraco e nada mais há para ler. Ao ler aquelas páginas quase consigo imaginar o calor a apertar, e eu de calções de banho e chinelos, na roulote à beira da praia, a pedir a conta ( “Ó chefe, é o bitoque, a cerveja e o café!” ) e a passar os olhos desinteressado pelas palavras cruzadas e pelas últimas do Big Brother. JR

quinta-feira, novembro 20, 2003

A TRADIÇÃO AINDA É MELHOR DO QUE ERA: Fui à Golegã no sábado, 8, mas só hoje tive tempo para escrever um pouco sobre essa agradável experiência...é um passeio que tenho feito nos últimos dez anos, e tornou-se um verdadeiro ritual.
Os segredos para se passar um bom dia na Golegã são os seguintes: chegar cedo (meio-dia) e regressar antes das 20h; e apanhar um magnífico Sábado em pleno Verão de S. Martinho.
Partimos pelo fresco da manhã, e seguimos descontraídamente ao longo dos verdes caminhos ribatejanos. No Alentejo os horizontes são mais vastos, mas não há esta impressionante concentração de riqueza agro-pecuária. Entusiasmados com as conversas e deslumbrados com a paisagem, chegámos num instante ao nosso destino. E deparámos com o único defeito da feira: a falta de estacionamento. Um quarto de hora depois estávamos a comer uma sandes de paio regada com um tinto de Borba, e com as forças recuperadas entrámos no largo do Arneiro, o coração da Feira Nacional do Cavalo. A manga ia recebendo cada vez mais cavaleiros e atrelagens, à medida que a tarde passava. Ouvi os comentários feitos às montadas e à arte (ou à falta dela!) de bem montar. A maior parte das pessoas esmerou-se na apresentação, e só vi três cavaleiros sem um traje típico. A certa altura, falou-se na feira antiga – não havia novos-ricos, mas também não havia muitos visitantes. A alegria e a vaidade dos que montam, o companheirismo e a paródia dos que passeiam a pé, as ruas apinhadas de pessoas e cavalos, tudo isto faz desta feira um ponto de encontro nacional para aqueles que amam o cavalo Lusitano, os trajes tradicionais e a beleza de uma festa que projectou este concelho de forma espectacular. De facto, as pessoas passam tantos fins-de-semana entediantes que quando surge um evento bem organizado e com atracções de interesse, todos, ou quase, aparecem em força. O nosso mundo rural possui um património físico, cultural e espiritual que temos que manter e consolidar. A Golegã é um exemplo para todos os concelhos rurais de Portugal.
E quanto à questão dos novos-ricos que se vão passear na feira, eu estou de acordo que o façam. A sua chegada em força trouxe um dinamismo e uma dimensão tais, que a festa nem precisa de publicidade. Mas quem merece os maiores elogios é o Dr. José Veiga Maltez, o presidente da câmara cuja visão e empenho projectaram a vila ao nível a que hoje se encontra.
Regressámos a casa às nove da noite, satisfeitos com aquele Sábado perfeito. Para o ano há mais e melhor. RM

sábado, novembro 15, 2003

A MORTE DE CRISTÓVÃO DE MOURA: Foi declarado extinto há poucos dias o Cristóvão de Moura, da autoria de Paulo Varela Gomes, historiador e berloquista. É uma notícia triste para nós, enquanto bloggers. O Cristóvão era um dos mais interessantes blogs onde se discutia História de Portugal (o próprio nome remete-nos para o período dos Filipes e para problemática do iberismo) na nossa blogosfera e cuja leitura nos dava especial prazer, muito embora, politicamente, PVG não podesse estar mais distante de nós. Podem ler um breve texto de despedida da sua autoria, publicado no A Praia, a 12 de Novembro último. Adeus, Cristóvão. Até um dia! JR

segunda-feira, novembro 10, 2003

“AI, OS IMORTAIS, OS IMORTAIS!... ”: O filme é de António Pedro de Vasconcelos (APV), tem por nome “Os Imortais” e, ou muito me engano, ou ainda vai reconciliar muitos Portugueses com o cinema que por cá se faz. A recriação do Portugal e da Lisboa de 1985 é esplêndida (que memórias da minha infância, meu Deus!...) e brilha com luz própria, fruto do rigor e da exigência que são apanágio de APV. O elenco é soberbo: do lado das senhoras temos o charme discreto de Ana Padrão, de Alexandra Lencastre ou de Paula Mora (cuja personagem Filomena nos lembra imediatamente da interpretação de Frances McDormand em Fargo), bem como da fatal e sanguínea Emmanuelle Seigner. Os cavalheiros superam-se: Joaquim de Almeida e Rogério Samora são dois senhores, Rui Unas é uma revelação, Nicolau Breyner transfigura-se e faz aquilo que será muito provavelmente o papel da sua vida. A personagem simplesmente bigger than life do Inspector Malarranha, aliada aos ambientes violentos e sombrios duma Lisboa mergulhada na melancolia e na dúvida dos meados dos anos oitenta, transportam-nos imediatamente para as atmosferas que o escritor britânico Robert Wilson recriou em Company of Strangers e, sobretudo, no magnífico Small Death in Lisbon. A comparação com este último livro é simplesmente inevitável: na cidade que eternamente repousa nas brumas do Tejo e num passado longínquo e glorioso, entre o sarro e a maresia, entre esplêndidos dias atlânticos e as brumas de um futuro incerto, há um enredo incrivelmente bem trabalhado de morte, crime, sexo e de pulsões infernais que convivem lado a lado com os pequenos prazeres e momentos de felicidade do dia-a-dia, lembrando-nos que é dessa contradição que nasce a massa de que são feitos os dias e as gentes e que, afinal de contas, vale a pena viver. Tudo embalado pela voz luminosa de Mafalda Arnauth que nos canta no final, ao nosso coração “…mas Lisboa sem o Tejo fica nua”. Uma delícia. JR

terça-feira, novembro 04, 2003

EXPEDIENTE: Por entre dias de frio e de muito trabalho, há ainda algum tempo para arrumar a casa, actualizar o blog e tratar de algum expediente. Sem nenhuma ordem em especial, a ordem de trabalhos é a seguinte:

Alguns dos nossos leitores (caso sejam mais que dois, usamos o plural) já devem ter reparado que este blog anda algo mortiço. A explicação é simples: pela minha parte tenho estado atulhado em trabalho (esta vida de escravo sexual da selecção sueca de Futebol Feminino não perdoa... ele é estágios, campeonatos, digressões…) e pela parte do Ricardo, tanto quanto sei, as Musas não lhe têm sido favoráveis. Esta situação é, felizmente, transitória. Durante a próxima semana retomaremos a actividade bloguística normal. A opinião segue dentro de momentos.

Este blog encontra-se há várias semanas à espera de ser listado no directório do SAPO. No formulário que preenchemos, era-nos dito que em regra, os pedidos demoram entre quatro e seis semanas a serem processados. Findo esse prazo, apetece perguntar: será que blogs canalhas como o Muito Mentiroso ou pérolas de erudição e regularidade como esta esperaram tanto? E já agora, algum dos nossos leitores saberá de um directório de blogs portugueses actualizado? Se souberem digam-nos alguma coisa, por favor. De facto, agora que directórios como o Blogs em pt. cessaram a sua actividade e que o SAPO aparenta ser um dos únicos directórios sistemáticos e actualizados, a triste verdade é que vastas regiões da blogosfera se encontram mergulhadas na penumbra, quando não mesmo na escuridão.

O nosso mail, caso ainda não conheçam, é o osmeninosdeouro@portugalmail.pt. Todas as mensagens, contribuições, comentários ou declarações de amor serão bem-vindas. A nossa caixa de correio agradece. Bem hajam. JR

This page is powered by Blogger. Isn't yours?