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domingo, março 15, 2015

Saudades de Pedro Lomba 

Pedro Lomba foi um jovem criativo da blogosfera portuguesa. Deu o seu contributo pessoal para que uma nova direita liberal de inspiração anglo-saxónica conseguisse finalmente colocar um fim à supremacia  marxista que (por mérito próprio e demérito alheio) conseguira asfixiar o debate público no nosso país durante três décadas.
Alguns dos elementos dessa geração da blogosfera produziram conteúdos de qualidade que cativaram um público cada vez mais alargado e naturalmente foram "promovidos" para os meios de comunicação social clássicos.
Pedro Lomba escreveu diversas colunas no jornal "Público" onde brilhava pela cultura, inteligência e bom-senso.
Lembro-me de ter pensado após uma dessas leituras: "Os políticos portugueses que não são de esquerda bem se podiam inspirar nestes textos para elevarem o debate público e encontrarem algumas soluções para que a nossa sociedade civil seja um pouco mais livre".
Entretanto, Lomba chega ao governo, um governo onde não era fácil vislumbrar políticos particularmente reformistas. Desde o início estranhei o cargo de Lomba; era suposto que o defensor de uma sociedade aberta estivesse num cargo que lhe possibilitasse diagnosticar com rigor os principais problemas do "monstro do estado", elevando para um novo patamar de sofisticação aquele serviço público que Medina Carreira e Judite de Sousa nos prestam todas as segundas-feiras. De seguida, poderia contribuir para que nesta ou naquela área se planeasse e executasse uma pequena reforma efectiva, sobretudo no que toca ao fortalecimento da independência dos corpos intermédios descritos por Tocqueville, consagrando assim o seu percurso intelectual e profissional.
Não preciso de descrever aqui a performance política de Lomba. Alguns cronistas de esquerda gozaram alegremente com ele este fim de semana e não é fácil defender Lomba destas críticas.

Tenho saudades do tempo em que Pedro Lomba era um jovem brilhante e irreverente. Pensei um pouco nos bloqueios que o impediram de ser um defensor eficaz da sociedade aberta, precisamente no momento em que adquiriu uma ferramenta - poder político - que mais nenhum dos seus compagnons de route  da jovem blogosfera logrou obter. Escolheu muito mal o cargo e não pode culpar mais ninguém por esse erro que o bloqueou como político e como intelectual.
Espero pacientemente pelo seu regresso aos jornais, onde voltarei a lê-lo com enorme prazer.
RM

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