<$BlogRSDUrl$>

domingo, março 15, 2015

Saudades de Pedro Lomba 

Pedro Lomba foi um jovem criativo da blogosfera portuguesa. Deu o seu contributo pessoal para que uma nova direita liberal de inspiração anglo-saxónica conseguisse finalmente colocar um fim à supremacia  marxista que (por mérito próprio e demérito alheio) conseguira asfixiar o debate público no nosso país durante três décadas.
Alguns dos elementos dessa geração da blogosfera produziram conteúdos de qualidade que cativaram um público cada vez mais alargado e naturalmente foram "promovidos" para os meios de comunicação social clássicos.
Pedro Lomba escreveu diversas colunas no jornal "Público" onde brilhava pela cultura, inteligência e bom-senso.
Lembro-me de ter pensado após uma dessas leituras: "Os políticos portugueses que não são de esquerda bem se podiam inspirar nestes textos para elevarem o debate público e encontrarem algumas soluções para que a nossa sociedade civil seja um pouco mais livre".
Entretanto, Lomba chega ao governo, um governo onde não era fácil vislumbrar políticos particularmente reformistas. Desde o início estranhei o cargo de Lomba; era suposto que o defensor de uma sociedade aberta estivesse num cargo que lhe possibilitasse diagnosticar com rigor os principais problemas do "monstro do estado", elevando para um novo patamar de sofisticação aquele serviço público que Medina Carreira e Judite de Sousa nos prestam todas as segundas-feiras. De seguida, poderia contribuir para que nesta ou naquela área se planeasse e executasse uma pequena reforma efectiva, sobretudo no que toca ao fortalecimento da independência dos corpos intermédios descritos por Tocqueville, consagrando assim o seu percurso intelectual e profissional.
Não preciso de descrever aqui a performance política de Lomba. Alguns cronistas de esquerda gozaram alegremente com ele este fim de semana e não é fácil defender Lomba destas críticas.

Tenho saudades do tempo em que Pedro Lomba era um jovem brilhante e irreverente. Pensei um pouco nos bloqueios que o impediram de ser um defensor eficaz da sociedade aberta, precisamente no momento em que adquiriu uma ferramenta - poder político - que mais nenhum dos seus compagnons de route  da jovem blogosfera logrou obter. Escolheu muito mal o cargo e não pode culpar mais ninguém por esse erro que o bloqueou como político e como intelectual.
Espero pacientemente pelo seu regresso aos jornais, onde voltarei a lê-lo com enorme prazer.
RM

quarta-feira, dezembro 31, 2014

Está na hora da festa 

Já temos quase tudo pronto para o jantar. O grupo está reunido e já se petisca enchidos e bom pão na cozinha e na sala. Todos conversamos, todos rimos... Não podia haver melhor despedida de 2014.
E agora vou regressar à festa. Bom ano!
RM

Observador 

Nos últimos meses tenho lido com interesse o Observador. Foi uma excelente inovação no jornalismo português e espero que continue a melhorar de ano para ano.
A forma clara com que alguns colunistas apresentam os seus argumentos e o seu enorme respeito pelos valores da civilização Ocidental permitem criar textos que em geral têm muita qualidade e contribuem para o debate democrático sobre algumas fragilidades do nosso regime e sobre alguns bloqueios que impedem as nossas elites de pensarem e agirem de forma diferente.
RM

segunda-feira, outubro 06, 2014

Os Maias 

Gostei do filme de João Botelho. É muito bom saber que cada vez se fazem mais filmes bons em Portugal. Os actores foram excelentes e adorei os cenários belos e simples. De facto, não é preciso ter ao dispor as tecnologias mais modernas e caras para produzir cinema português de qualidade.

Li a obra "Os Mais" de Eça de Queirós no 11º ano. Reli o livro uns anos mais tarde e foi essa segunda leitura que realmente me encheu as medidas.
Acabo sempre dizendo a mim próprio: se Camilo tivesse o virtuosismo perfeccionista de Eça e se Eça tivesse boas estórias para contar como Camilo, Portugal podia gabar-se de ser um berço de gigantes.

Quando li a obra pela primeira vez fiquei desanimado com o desperdício de talento de Eça. O grande romancista nunca escreveu qualquer obra passada no século XVI, uma era em que Portugal conseguiu por mérito próprio ter uma projecção mundial claramente desproporcional em relação à sua pequenez geográfica, demográfica, económica e [acima de tudo] institucional.
Nesse século repleto de glórias, tragédias e infâmias, não faltariam eventos e comportamentos susceptíveis de serem arrasados pelo génio crítico de Eça, mas simultâneamente só ele saberia descrever as luzes que iluminaram as nossas horas [ilusoriamente] mais felizes, aquilo a que o Professor João Paulo de Oliveira Costa designou brilhantemente por "a vertigem dos avanços" na sua excelente biografia de D. Manuel I. Também o contacto com um continente [a Ásia] cheio de civilizações cuja sofisticação e dimensão eram esmagadoras para os recém-chegados merecia ser descrito pela pena de Eça.


Voltando ao filme: ouvi com gosto Pedro Mexia afirmar no programa "Governo Sombra" que o Portugal de hoje já não é, felizmente, o mesmo Portugal de Eça. Hoje vivemos num país muito melhor e seria ignorante e leviano afirmar o contrário.
RM

quinta-feira, outubro 02, 2014

Na morte de um herói 

Nestes dias, procurei em vão por reportagens televisivas sobre o comandante Alpoim Calvão. É como se houvesse uma censura subtil das notícias, procurando garantir que este homem politicamente incorrecto fosse esquecido o mais depressa possível.
Homens (e mulheres) como Alpoim Calvão representam um conjunto de valores e atitudes que não são apreciados pelas patrulhas ideológicas que ainda hoje dominam a opinião pública em Portugal.

De certa forma, até compreendo que o jovem guerreiro (que ele foi) não seja hoje considerado um exemplo de vida a seguir: a última vez que Portugal sofreu uma invasão militar estrangeira foi em 1810. Desde então houve muitas guerras, mas a invasão de Massena foi de facto o último momento em que se lutou e morreu em solo português defendendo a independência de Portugal.
A protecção militar que os EUA concederam à Europa ocidental nas últimas décadas criou uma sensação de segurança nos Europeus e uma certa falta de respeito pelas forças armadas, com o consequente apoio eleitoral a todos os tipos de cortes nas despesas e indústrias militares. A própria carreira militar não tem hoje o tradicional prestígio que teve durante séculos.

Mas olhemos para as fronteiras da Europa: a Leste e no Ártico, uma Rússia imperial e belicosa; a Sueste um Médio Oriente medieval (no mau sentido desta nobre palavra); a Sul, estados ameaçados, estados exíguos e estados falhados. A Oeste, uma América cada vez mais preocupada com o Oceano Pacífico e cada vez menos com a Europa.
E se um dia a Europa for invadida em larga escala? Que povo europeu está hoje preparado para essa possibilidade mais ou menos remota? Já nem falo na falta de equipamentos e indústrias; a maior fraqueza dos europeus reside nas mentalidades e ideologias dominantes, que de certa forma castraram espiritualmente povos que durante séculos enfrentaram com enorme sucesso as invasões mais bárbaras, fosse qual fosse a sua proveniência.

Tendo em conta as potenciais ameaças a que todos estamos sujeitos, Alpoim Calvão representa ainda hoje o paradigma das qualidades que deve possuir um oficial da Armada portuguesa: corajoso, inteligente, líder brilhante e inspirador de equipas que obtiveram quase sempre resultados muito eficazes e, finalmente, era um militar com uma adaptabilidade notável em relação a todo o tipo de métodos, técnicas e situações: estava igualmente confortável a reparar hélices debaixo de água como estava a pilotar um avião ou como, sob fogo inimigo, orientava os seus camaradas numa manobra ofensiva de flanqueação. Hoje em dia, o jovem Calvão estaria certamente a aprender também técnicas de cibersegurança.

Presto-lhe aqui a minha homenagem e tenho a esperança que no Futuro o seu exemplo venha a ser seguido por muitos dos nossos jovens oficiais.

RM

quarta-feira, outubro 01, 2014

A guerra errada, no país errado, na década errada 

Vede Portugal em 1960: pobre, agrário, pouco industrializado, sem produção científica de qualidade, com quase todas as instituições paralisadas por bloqueios políticos e corporativos diversos.

Nos anos seguintes o país beneficiou de um crescimento económico notável, que só seria travado pela crise petrolífera de 1973.
Nos anos anteriores a 1960 tornara-se óbvio que a era colonial tinha os dias contados: a Índia tornara-se independente, os Franceses haviam sido derrotados no Vietname, Britânicos e Franceses haviam sido humilhados na crise do Suez e faltavam apenas dois anos para a guerra da Argélia terminar de forma trágica.

A sociedade portuguesa em geral não via qualquer razão para sacrificar vidas e recursos na defesa de territórios que não proporcionavam riqueza, não eram um destino importante da emigração nacional e onde apenas uma minoria da população estaria disposta a apoiar a manutenção da presença portuguesa.
Uma fracção da elite militar do regime compreendeu que Salazar estava disposto a manter as colónias a todo o custo... desde que a guerra fosse barata. Em 1960 Portugal não tinha sequer tecnologia para produzir armas semi-automáticas ligeiras, quanto mais aviões e helicópteros. O General Botelho Moniz antecipou o potencial de humilhação para as forças armadas que a futura guerra encerrava: combates em dois continentes contra várias potências e grupos de guerrilha em simultâneo. O desastre do Estado da Índia estava à vista de todos muito antes de ter acontecido.
O General tentou depor o Ditador, mas fê-lo com tanta incompetência que o golpe fracassou. As forças armadas de Portugal estavam condenadas a lutar quase uma década e meia naquela que foi a nossa guerra mais inútil desde que o exército de D. Sebastião fora esmagado em Alcácer-Quibir.
RM

terça-feira, setembro 30, 2014

Morreu o comandante Alpoim Calvão (1937-2014) 

Para mim, Alpoim Calvão encarnava os valores militares e culturais de um Ocidente Antigo, o Ocidente que venceu em Salamina, Diu e Lepanto; o Ocidente dos quadros de Botticelli e da Ópera (que ele adorava ao ponto de ter pertencido ao coro de S. Carlos).

No século XVI, teria tido todas as condições para se imortalizar nas espectaculares operações anfíbias no Oriente. Em vez disso, calhou-lhe em sorte viver num tempo em que Portugal, por culpa do seu regime arcaico, não soube acompanhar os ventos da História.
A independência das colónias devia ter sido concedida pacificamente em 1960. Em vez disso, o regime obrigou as forças armadas a combater numa guerra impossível de vencer, uma guerra que só podia terminar de forma trágica, como efectivamente sucedeu em 1975.

O comandante Saturnino Monteiro afirmou um dia que perante o conflito iminente, os militares portugueses só tinham duas opções: ou derrubavam Salazar ou combatiam com competência e determinação. Botelho Moniz fracassou na primeira opção. Alpoim Calvão escolheu a segunda.
É sobre essa escolha que vou escrever em breve.
RM


segunda-feira, setembro 22, 2014

As luzes da sala estão desligadas 

Lá fora chove.
Deito-me no sofá e ouço a água a bater nas vidraças. Deixo-me embalar suavemente por este momento precioso.
Lembro-me do primeiro ano de vida do blogue. Após aqueles primeiros onze meses cheios de novidades, entusiasmo e interacções, depressa percebi que não era possível continuar sozinho um passatempo que só funcionava bem em equipa.
Mas o blogue não morreu e de tempos a tempos lá surgia mais um post.
Enquanto ouço a água, penso que não custa nada escrever um post por mês. Em nome dos bons velhos tempos do blogue e em nome de uma amizade que cada vez é mais sólida.
RM

terça-feira, dezembro 10, 2013

O estrangeirado e a década perdida (II) 

Entre 2002 e 2008 o Professor António Borges dedicou-se a uma bem-sucedida carreira profissional na alta finança europeia. Trabalhava em Londres durante a semana e passava o fim de semana na sua herdade no Alentejo.
Li recentemente a excelente biografia “The Iron Lady” de John Campbell. Na primeira página do capítulo 6 o autor fez um resumo excelente das qualidades e escolhas necessárias para se chegar ao cargo de primeiro-ministro: uma dedicação obsessiva pela carreira política, excluindo outras preocupações tais como dinheiro, família, amizade e o lazer. Não é um projecto de vida saudável, mas quem deseja chegar ao topo não tem outra opção. O Professor acreditava que podia lutar primeiro por uma vida confortável e dedicar-se mais tarde à actividade política. Não é assim que funciona.
Nesses anos a sua actividade cívica teve os seus altos e baixos. O Compromisso Portugal foi um tigre de papel que me iludiu na altura, pois não tinha ainda noção de que as ideias reformistas (dos prestigiados profissionais presentes nos encontros) eram imediatamente castradas pelos simples facto de as empresas por eles geridas dependerem directa ou indirectamente do Estado que as ditas ideias pretendiam ajudar a reformar. Só quando chegar o dia em que tivermos uma sociedade civil maioritariamente independente do Estado é que será possível fazer reformas eficazes e duradouras. Duvido que tal dia chegue.
O Professor contribuiu com os seus conhecimentos para tentar reformar as regras de gestão empresarial (“Corporate Governance”) em Portugal, mas os gestores de topo das grandes empresas portuguesas rejeitaram as propostas. Não foi possível obter um parecer externo com autoridade para explicar quem tinha razão neste confronto (que Borges perdeu). Creio que a partir desse momento Borges passou a ter um desprezo permanente em relação às práticas de muitos empresários e gestores nacionais, mas não tinha poder para os enfrentar.
No tempo da liderança de Marques Mendes, Borges mencionou que podia formar uma equipa com técnicos de alta qualidade, mas Mendes não lhe deu a devida atenção. O Professor manteve-se quase sempre muito distante do aparelho e das bases do PSD. Com essa atitude, era impossível mobilizar as pessoas para um projecto político de maior qualidade. Quando a crise financeira chegou, fiquei perplexo com um artigo do Professor no “Expresso”: nesse artigo os gestores irresponsáveis da banca eram retratados como vítimas (recordo vagamente uma frase: “... as acções que possuíam das empresas por eles geridas perderam muito valor.”).
Em 2008 juntou forças com Ferreira Leite para derrotar Sócrates, vingar-se de Pinho e evitar o descalabro das contas públicas e privadas. As gafes políticas da líder do PSD e o seu pessimismo realista fizeram as delícias dos jornalistas e em 2009 o incansável Sócrates venceu as legislativas. Pacheco Pereira descobriu o segredo dessa vitória: a ancestral manha camponesa do povo português levou-o a votar no homem optimista que prometia um futuro próspero, tecnológico e com apoios sociais crescentes e perpétuos. Sabiam que o dinheiro ia escassear, mas tinham a certeza que ainda haveria quatro anos de “folga” antes de regressar uma austeridade semelhante à de 2002-2003. Enganaram-se em tudo.
A maior parte dos homens brilhantes e bem sucedidos sente a necessidade de deixar um legado à sua comunidade. António Borges não o deixou. Teria sido interessante se ele escrevesse um livro sobre o ensino superior em Portugal, pois tinha experiência e autoridade para comparar as nossas fraquezas e forças com as das prestigiadas instituições onde estudou e trabalhou.
Foi penoso para mim assistir aos dois últimos anos de vida do Professor. Ele podia ter procurado aliados na classe média e nas pequenas e médias empresas, explicando as suas ideias e projectos com clareza. Em vez disso, preferiu assumir um papel provocatório e muito impopular. Os únicos aliados que tinha pertenciam quase todos à banca, ao Governo e a uma ou duas empresas do PSI 20.
Após a sua morte, li na imprensa alguns artigos. Via-se que nos meios ligados ao PSD quase todas as crónicas eram escritas sem grande convicção e com nenhuma amizade. Mas o que me deixou mais triste foi o artigo do embaixador da Polónia em Portugal. Na última reunião que o Professor teve com o embaixador, António Borges mencionou com grande optimismo que estávamos no caminho certo e que o país ainda tinha que ir mais longe na criação de um novo tipo de economia. Ao ler estas palavras, percebi que o Professor vivia isolado da realidade social dos portugueses de médias ou fracas qualificações. O seu optimismo, que me contagiara dez anos antes, já não me fascinava. E pela primeira vez acreditei que se este homem brilhante tivesse chegado ao poder, o resultado teria sido desastroso para quase todos os portugueses.
RM

sexta-feira, setembro 20, 2013

O estrangeirado e a década perdida 

A primeira vez que vi o Professor António Borges na televisão foi numa entrevista magnífica feita por Maria João Avillez na Sic-notícias. Eram os dias excitantes do pós-Guterrismo e era certo o regresso em breve do Centro-Direita ao poder.
Fiquei fascinado com a confiança que aquele homem sereno tinha nas qualidades do povo português. O seu otimismo surpreendeu-me e contagiou-me.
Dotado de um currículo profissional e académico notável, reitor inovador de uma das melhores escolas europeias, era um dos nossos estrangeirados mais bem sucedidos do fim do século XX.
Tive a certeza que Durão Barroso contaria com ele na pasta das finanças ou da economia, após a vitória nas eleições.
Quando conheci a composição do governo liderado por Barroso fiquei chocado com dois factos: a ausência de Borges e a notória falta de qualidade da "equipa". Não havia a sabedoria de um Cadilhe nem o reformismo corajoso de uma Beleza. Que contraste em relação às equipas competentes e determinadas dos dois primeiros governos de Cavaco Silva! O Professor Marcelo resumiu tudo numa frase: "Quem não tem cão caça com gato!". O problema é que só um governo com competência, coragem e honestidade excecionais poderia enfrentar o problema do défice, combater a corrupção, substituir a economia do betão pela economia dos produtos transaccionáveis e reformar o ensino superior (em 2002 já era óbvio para muitas famílias portuguesas que se aproximava uma catástrofe - o desemprego de licenciados em larga escala), apostando mais na criação de Colégios Universitários com o seu excelente sistema de Tutores de apoio ao estudo e pesquisa dos alunos (como há em Oxford, por exemplo) e financiando mais e melhor investigação científica e humanística.
Nessa altura olhei para Ferreira Leite como uma "Dama de Ferro" portuguesa. Posteriormente tive pena que essa mulher honesta perdesse as eleições em 2009. Mas hoje estou certo que se podia ter feito um trabalho muito melhor nas finanças. Quanto ao ministro da economia do governo de Barroso, nem me lembro do seu nome.
Durão Barroso convidou António Borges para a sua equipa, mas este recusou, alegando que necessitava de ter independência financeira antes de entrar para um governo. Assim se explica a sua ausência dos infelizes governos de 2002-2005. Esse foi o momento decisivo da carreira política do ex-reitor do INSEAD: ficou garantido que nunca ocuparia um lugar executivo à medida do seu enorme talento.
RM

segunda-feira, setembro 12, 2011

As férias desportivas/Les vacances du sport 


Fiquei encantado por ver famílias inteiras a praticar desporto no Val di Fassa, fosse ciclismo, trekking ou simples passeios de vários quilómetros. Foi com enorme entusiasmo que me lancei à exploração dos trilhos florestais nos vales e adorei andar de bicicleta nas longas ciclovias da região. O dedo da organização germânica está presente nesta zona especial de Itália, onde o ar é puro e as aldeias estão impecavelmente limpas. Fiz tanto exercício que voltei com todas as forças puxadas para entrar com confiança em mais um ano de trabalho. Que férias belíssimas!

C`etait magnifique de voir des familles completes à faire du sport au Val di Fassa. Il y avait groupes a faire du ciclysme, le trekking ou des longues promenades de plusieurs quilométres. J`ai adoré l`exploracion des beaux chemins dans la forêt et faire du ciclysme dans les longues avenues spéciales pour les vélos. L`organizacion germanique est bien présent dans cette région d`Italia, ou l`air est pur et les villages sont parfaitement nettoyés. Tout l`exercice fisique que j`ai fait m`a donné la force pour bien commencer le nouveau anné de travail. Quelles vacances merveilleuses!

RM

sexta-feira, setembro 02, 2011

Viagem a Itália/Voyage en Italia 


O menino está de regresso, graças à insistência de alguns bons amigos.

Uma visita ao sítio oficial do turismo de Itália levou-me a descobrir uma região fascinante: Trentino-Alto Ádige. Decidi visitar um belíssimo vale situado em Trentino e passei aí uns dias excelentes. O Val di Fassa é um paraíso para o trekking e o ciclismo. Um destino que não esquecerei e ao qual tenciono regressar noutras férias. Fica aqui uma foto do belo Val Monzoni (a 4 Km de Fassa) e das suas tranquilas vacas leiteiras.

L`enfant a retourné, aprés l`insistence de quelques bons amis.

J`ai découvert une région fascinante d`Italia: Trentino-Alto Ádige. J`ai décidé de visiter un beau val en Trentino: le Val di Fassa est un paradis pour faire le trekking et le ciclisme. Un destin qui je n`oublierai pas et certainement je retournerai. Je laisse ici une foto du bel Val Monzoni (à 4 Km de distance de Fassa) et cettes tranquiles vaches.

RM



domingo, setembro 14, 2008

Dia do Diploma 

O governo de José Sócrates está de parabéns pela sua recente iniciativa. Além do reconhecimento do esforço dos alunos que terminam o 12º ano, houve uma notável inovação: um prémio de mérito de 500 Euros.
Eis aqui a prova de que a Esquerda, quando quer, consegue superar completamente a Direita.

Vejamos que ideias e projectos saem da nova cúpula do PSD para enfrentar este incansável Primeiro-Ministro que, citando Paulo Rangel, "... é como o actual poder russo: é mais fraco do que ele próprio pensa mas mais forte do que muitos adversários supõem. Parece ser mais forte do que é, mas na verdade também não pode ser subestimado."
RM

sexta-feira, junho 27, 2008

Google books 

Só recentemente me dei conta do interessante espólio cultural do google books. Autores como Shakespeare, Jack London ou Cormack Mccarthy tornaram-se bastante acessíveis aos internautas, sendo permitida a visualização de excertos mais ou menos longos de excelentes obras literárias.
O difícil está na escolha. Divirtam-se!

RM

quinta-feira, maio 01, 2008

Deadwood 

O meu irmão teve a brilhante ideia de me oferecer a primeira série de Deadwood em DVD. Tínhamos falado recentemente sobre as espectaculares produções televisivas americanas desta última década: séries de grande qualidade que estimulam a nossa imaginação e nos permitem pensar de forma diferente sobre a vida e o mundo.
Deadwood é uma delas. Mais do que retratar o velho Oeste, retrata os conflitos que surgem em nome do poder e em nome da paixão. O argumento é excelente, permitindo-nos apreciar a psicologia de cada personagem, interpretada de forma brilhante por um dos elementos do elenco. Fiquei maravilhado ao conhecer estes actores pela primeira vez! Ian McShane desempenha um papel assombroso. É um verdadeiro gigante na sua arte e os meus olhos brilham de cada vez que a sua personagem surge no ecran e a sua voz única se faz ouvir.
Cada vez que termina um episódio faço uma reflexão, procurando estabelecer paralelismos entre os conflitos abordados na série e os desafios que tenho enfrentado no último ano. Neste sentido, o terceiro episódio "Reconnoitering the Rim" é a metáfora perfeita das batalhas em que tenho combatido nos últimos dezasseis meses.
RM

segunda-feira, março 10, 2008

Interiores burgueses 

Faço agora uma viagem no tempo até Outubro de 2007, quando parti para Estrasburgo. A viagem excedeu as minhas expectativas. Durante três semanas maravilhosas, fui o filho adoptivo de uma civilização superior.
Fui recebido com toda a hospitalidade por uma família de acolhimento. O ambiente confortável da casa, o elevado nível de educação das pessoas que me rodeavam e a partilha constante de histórias e experiências de vida durante os serões, deram-me uma sensação de felicidade como já não sentia há muito.
Como neste mundo não há almoços grátis, pude constatar que todos tinham ali chegado com sacrifícios e determinação. O meu estágio intenso na cidade, que me obrigava a sair cedo de casa e a chegar tarde, contribuiu para me sentir bem integrado nesse ambiente de pessoas activas e responsáveis.
A solidez dos valores familiares ali presentes era espantosa. Mesmo entre nós, os inquilinos, reparei que tínhamos como eixo central da existência as nossas queridas famílias. Contávamos as tradições de cada casa, conhecíamos novas realidades, enfim, éramos um grupo fraterno de seres humanos.
A aprendizagem técnica durante os dias de estágio foi muito importante. À medida que o final se aproximava, senti a necessidade vital de regressar. Foi com enorme alegria que recebi, na última semana, dois convites: um da parte da família, que pôs a casa à minha disposição; o outro da parte dos meus colegas que me proporcionaram uma excelente formação e me aconselharam a voltar a França para um internato de um ano. O carinho demonstrado por todos comoveu-me. Há muito tempo que não me sentia tão bem.
RM

terça-feira, outubro 02, 2007

O regresso do Filho Pródigo 

Dois anos depois, vou regressar a Estrasburgo, essa próspera cidade da Alsácia, em França.
Admiro-a bastante: é uma cidade burguesa, cujo povo possui uma sólida ética de trabalho germânica (trata-se da região francesa que mais influência recebeu dos Alemães, pois apenas se tornou francesa há 300 anos e voltou a pertencer à Alemanha entre 1871 e 1918 e entre 1940 e 1945). A hora de ponta na cidade é entre as sete e as oito da manhã - por cá começa-se a trabalhar bastante mais tarde...
A influência germânica nota-se também nos rostos e comportamentos: as pessoas são geralmente mais austeras do que os povos latinos do sul da Europa e existe uma certa arrogância em relação a quem não obtém o tão desejado sucesso profissional.

Esta cultura entrou em choque com os habitantes que nas décadas recentes ocuparam os bairros da periferia da cidade, originando sentimentos de revolta e frustração da parte daqueles que se sentem desprezados pelos "burgueses". Quando lá estive em Outubro-Novembro 2005 os distúrbios sociais atingiram o auge, com incêndios e confrontos violentos. Os Médicos Veterinários que me receberam para estagiar afirmaram-me "Temos vergonha do nosso país!".
Além disso, em Estrasburgo existe uma infeliz "tradição" de Ano Novo: o pessoal dos bairros periféricos celebra a chegada do ano com o incêndio de automóveis nas ruas... sem comentários.

Há também a cidade dos estudantes, com as suas faculdades, bares de estudantes e trocas culturais entre jovens que vêm de todo o mundo para estudar ali.
Estou muito feliz com este novo projecto de aprendizagem e espero em breve poder enviar novidades a partir na nobre Alsácia.
RM

sexta-feira, julho 06, 2007

Coração de Aço 

Apenas apanhei a meio a interessante entrevista a Zita Seabra ontem à noite, no programa de Judite de Sousa. Não consegui desviar os olhos daquela personagem fascinante, uma mulher que dedicou a vida inteira a um ideal e que teve depois de enfrentar a traição cobarde de muitos dos seus camaradas, que a julgaram por duas vezes de forma infame, em 1989.
Um facto que me chocou (e que demonstra bem o sofrimento extremo que representou o fim dos seus ideais) foi o facto de ela ter estado gravemente doente nos anos oitenta, devido às desilusões que o partido comunista português lhe trouxe.
Corajosa, lutou pela transformação do pcp num partido moderno, democrático e eficiente, mas a tirania de Cunhal e seus seguidores impediu essa evolução, tornando-o naquilo que hoje é: "Um sindicato de pequenas causas", nas palavras certeiras de Seabra.

Após sofrer tantas agressões, parecia estar condenada ao ostracismo e à mediocridade. Mas é precisamente nesses momentos que se distingue a fibra dos grandes lutadores. Procurou emprego, trabalhou, viveu a vida fora da claustrofobia do pcp, seguiu os seus novos ideais políticos sem ter que prestar contas a ninguém (é hoje deputada pelo PSD) e conseguiu assim criar uma trajectória pessoal inversa daquela que o partido vermelho tem tido desde o fim dos anos oitenta.
Num país como o nosso onde as dificuldades são tão grandes, é sempre motivo de satisfação saber que há corações de aço que nunca se quebram. Nem mesmo quando o maior inimigo são os ideais pelos quais se lutou durante quase toda a vida.
RM

quinta-feira, junho 28, 2007

Novo mail 

Caros leitores, o nosso mail antigo tem estado desactivado há bastante tempo, pelo que pedimos que nos enviem os vossos comentários e sugestões para o novo mail: ouro.mail@gmail.com
RM

quarta-feira, junho 27, 2007

Dias felizes 



Todas as manhãs parto para o trabalho na direcção do nascer do sol. Os raios reflectem-se nos meus olhos, que ganham um brilho muito especial. Esboço um sorriso de alegria enquanto recordo as vivências do ano passado, quando acordava às 4:45 da manhã por forma a chegar ao trabalho às 5:45... No mês de Junho de 2006, no agreste território do Yorkshire (Norte de Inglaterra), o céu tinha apenas duas cores: a cinza e o chumbo. Perante a dureza da rotina diária, todos sonhávamos com uns dias de sol passados em Portugal. É esse o privilégio que agora tenho todos os dias.
Associando a esta agradável rotina o facto de ter conhecido algumas pessoas maravilhosas desde que regressei do Reino Unido, concluo com facilidade que estes dias têm sido dias felizes.
RM

sábado, fevereiro 24, 2007

Um Inverno suave 

Depois de uma valente temporada no Norte de Inglaterra em 2006, posso considerar o nosso Inverno meridional como uma brincadeira - os deuses da chuva e do frio britânicos são cruéis e insensíveis; os nossos preferem esquecer os seus deveres, limitando-se a enviar uns borrifos de água para que os portugueses não se esqueçam de que o Inverno ainda é uma estação do ano!
A rotina semanal entre a casa e o trabalho não me tem impedido de desfrutar dalguns prazeres especiais: dou um passeio a pé de uma hora todos os dias, durante o qual elimino todo o stress eventualmente acumulado. Comparando com a maior parte das cidades inglesas, as nossas têm uma vida e um colorido que as torna bastante mais aprazíveis para nelas se viver. Em certos fins de semana tenho a possibilidade de obter uma folga e nessas alturas parto para o Alentejo ou o Algarve; a praia da Rocha estava linda no último Entrudo e participei numa reunião familiar em Évora que encheu o meu coração de alegria (o zénite desse dia maravilhoso deu-se quando passeávamos em grupo e assistimos ao sol a pôr-se atrás da Sé...).
Estes devaneios felizes não me impedem de trabalhar nem de ter uma vida organizada. Por isso lamento que haja tanta gente que apenas vê televisão durante os fins de semana e não sabe apreciar a interminável beleza que o nosso país (ainda) tem.
RM

domingo, dezembro 31, 2006

Tempo de balanço 


Dois mil e seis foi um ano de grandes sacrifícios pessoais e familiares. Mas sem tais sacrifícios não teria sido possível obter excelentes vitórias tanto ao nível pessoal quanto ao profissional. Entramos em 2007 com a certeza que os tempos que estão para vir ainda serão melhores!
Após meses de ausência, foi muito especial reunir a família toda no Natal. O próprio Inverno do Alentejo pareceu partilhar este sentimento de felicidade, brindado-nos com dias amenos e plenos de luz.
Enquanto atravessava os campos com os meus primos e amigos, recordei as vivências mais fortes dos últimos doze meses: tratou-se de um ano em que a vida não obedeceu a planos. O mais importante foi esmagar com tenacidade as barreiras que se atravessavam a cada momento no nosso caminho.
Mais uma vez, tivemos um Natal de verdade! Longe do consumismo, da loucura dos centros comerciais e das angústias provocadas pelo uso e abuso dos cartões de crédito, passámos as noites em torno da chaminé, ouvindo as estórias do tempo dos Antigos que o avõ narrava com mestria.
Desejo que todos tenham tido um Natal tão abençoado quanto este. E que em 2007 vençam todos os desafios que a vida vos propuser.
RM

quarta-feira, outubro 11, 2006

Lar, doce lar 

Regressei a Portugal em definitivo, após uma excelente experiência de trabalho no Reino Unido que durou sete meses. Viver e trabalhar no estrangeiro foi bastante importante para mim. A independência total torna-nos fortes e determinados; ganhamos a capacidade de resolver problemas sem ajuda (ou aprendendendo a conseguir a colaboração de estranhos) e melhoramos as nossas aptidões para a comunicação e a socialização.
Fiz bons amigos por lá, embora tenha de reconhecer que a maioria deles são portugueses. Quase todos são trabalhadores como eu o que nos classifica talvez mais como emigrantes e menos como estrangeirados. E isso não tem nada de mal, pois os emigrantes portugueses são os melhores do mundo na sua capacidade de se adaptarem à língua e aos costumes locais. Nunca esquecerei os almoços e jantares de convívio em que se comeu o cozido, as sardinhas assadas (levadas no avião desde Portugal!) e outros petiscos. As conversas duravam horas, as saudades de casa tornavam-se mais intensas e o nosso país assumia uma importância muito superior àquela que lhe damos por cá. Também se jogava à bola (a maior parte dos portugueses eram jovens recém-licenciados) e nos serões havia música e cantigas em que todos participavam.
Houve bastantes momentos felizes mas também muita solidão nos monótonos dias de semana, em que a rotina (acordar-trabalhar-regressar às 17:30-banho-fazer jantar-comer-relaxar 30 min-deitar) pouco se alterava.
Guardo boas memórias desse país rico e industrializado, com um povo patriota e trabalhador, orgulhoso das suas diferenças em relação "aos do Continente", onde muitos costumes antigos ainda são mantidos. A região do Yorkshire tem vastos espaços naturais, prósperas quintas e as pessoas do campo são bastante tradicionalistas.
Tenciono regressar lá assim que for possível. Para conviver de novo com os meus queridos amigos e lhes poder dizer que não há outro sol como o de Portugal.
RM

segunda-feira, julho 10, 2006

Regresso a casa 


Vale na região de Lake District, Noroeste de Inglaterra, Junho de 2006

Ao fim de alguns meses a trabalhar na "Pérfida Álbion", encontro-me de novo em Portugal, para gozar um merecido descanso. Uns dias no Algarve, outros em Lisboa, um passeio ao Alentejo e um saltinho à Arrábida vão ajudar-me a carregar as baterias e refrescar a mente, antes de regressar à rotina laboral no distante condado de Yorkshire. Deixo-vos com alguns dos melhores momentos estéticos que vivi no Reino Unido.
RM

sábado, abril 22, 2006

As cartas de Inglaterra 

Ao fim de dois meses, eis que surge a oportunidade de enviar novidades sobre esta terra especial onde estou a trabalhar.
Encontro-me na regiao de Yorkshire e tenho viajado nos fins de semana, os unicos dias que tenho livres. A cidade de York e uma preciosidade medieval e espero colocar fotos em linha brevemente. Agradeco que outras pessoas que estejam a viver neste pais me enviem fotos, comentarios e estorias que queiram partilhar na rede.
Ate breve!
NOTA: o computador nao me permite colocar os acentos nas palavras.
RM

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Othello 

Ontem à noite assisti com o João à peça Othello, de Shakespeare, no Teatro Trindade.
Bons actores, excelente encenação e acima de tudo um texto deslumbrante que acrescentou algo de profundo à minha vivência cultural e espiritual. Não pude deixar de fazer este reparo: porque é que nos tempos que correm ninguém consegue escrever assim? Porque é que não há dramaturgos bons em Portugal? O João disse-me que talvez fosse por falta de dinheiro e de mecenato para o teatro em Portugal. Apenas concordei em parte. Não percebo porque razão os grandes romancistas portugueses sempre temeram escrever para o Teatro. Já era assim no tempo de Eça e parece que assim vai continuar.
Pelo menos, podemos assistir a algumas excelentes peças traduzidas e nesses momentos vale mesmo a pena sair de casa para ir ao Teatro.
RM

Profissão: emigrante 

Este menino está de novo a caminho do estrangeiro. Desta vez vou trabalhar para o Reino Unido, essa nobre terra de Shakespeare e Churchill.
Vou enviar mais novidades assim que puder.
Um grande abraço para todos!
RM

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Empire Falls (II) 


Ed Harris no papel de Miles Roby e Kate Burton no papel de Cindy Whiting

Magnífica interpretação feita pelo actor principal, Ed Harris. O personagem é um homem bom e decente que perdeu a oportunidade de escapar ao ambiente decadente da sua terra natal. Lutando até ao fim pela sua família, representa a integridade moral e a esperança com base na qual os Estados Unidos da América foram fundados: "life, liberty and happiness".
Era em homens como este que Reagan pensava quando afirmava que "One day we shall all belong to the shining city on the hill". Nem todos os Americanos contribuem para esse sonho, mas após ter visto Empire Falls estou certo que esse sonho da "cidade brilhante na colina" nunca morrerá.
RM

Empire Falls 


Paul Newman no papel de Max Roby

Esta fantástica mini-série, que foi transmitida pela RTP 1 nas noites de Terça e Quarta, demonstra mais uma vez que a América (quando quer...) consegue produzir melhores programas televisivos que a Europa.
Deixei-me envolver pelo argumento, como se vivesse também naquela povoação decadente da Nova Inglaterra (Nordeste dos EUA) onde os seus habitantes, sem encontrarem uma saída para os problemas económicos, apenas podiam contar com a lealdade da família e o apoio dos melhores amigos.
O elenco é de luxo: Ed Harris, Philip Seymour Hoffman, Helen Hunt, Paul Newman, Robin Wright Penn, Aidan Quinn e Joanne Woodward, entre outros. As personagens estão tão bem representadas que até se pode compará-las com personagens da grande literatura, tal é a forma poderosa como conseguiram estimular a minha imaginação e enriquecer, nem que fosse por apenas duas noites, a minha vivência cultural.
É com essa conclusão feliz que termino este comentário: a televisão pode ser um meio de excelência cultural e existe público disposto a apoiar essa mesma excelência.
RM

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Memórias de Rhône-Alpes (II) 

O João regressou de França. Eis mais algumas memórias dos magníficos meses que ele por lá passou.


Margem do Ródano, Novembro de 2005
RM

Um novo ciclo 

Agora que o Professor Cavaco Silva venceu as eleições presidenciais, espero que o país encontre o rumo que tanto precisa. "Mãos à obra!", afirmou o Professor. Nos próximos anos assistiremos ao desenvolvimento deste novo espírito determinado em tornar Portugal num país cada vez mais moderno e organizado. Da minha parte, tenciono contribuir quer a nível de trabalho, quer a nível cultural, para a dignificação do nosso querido país e de todos os seus cidadãos.
RM

sexta-feira, janeiro 20, 2006

Vamos a isto, Portugal! 


Dia 22, espero que o meu voto contribua para uma vitória decisiva do Professor Cavaco Silva, o homem certo para ocupar o lugar de Líder de Estado de Portugal.
RM

quarta-feira, janeiro 04, 2006

Memórias de Rhône-Alpes 

O João veio passar as férias do Natal em Lisboa mas já regressou a França. Recebi de lá esta fantástica fotografia tirada por ele. Lindo!


E é com esta mensagem de serenidade estética que desejo a todos um tranquilo 2006.

RM

domingo, novembro 27, 2005

Memórias de Estrasburgo (II) 


Eis uma bela imagem do Palácio Rohan, residência do Arcebispo da cidade no século XVIII. Hoje em dia o edifício alberga três museus, com colecções de artefactos pré-históricos, romanos, bárbaros e uma bonita colecção de pinturas feitas entre a Idade Média e a Contemporânea. Se algum dia forem a Estrasburgo, não deixem de visitar este magnífico palácio!
RM

sexta-feira, novembro 25, 2005

O dia em que a democracia venceu 



Foi há exactamente trinta anos.
Um grande bem haja para todos os homens que no dia 25 de Novembro de 1975 venceram os militares de extrema-esquerda, pondo um fim ao infame PREC (Processo Revolucionário Em Curso) e garantindo um futuro democrático para o nosso país.
Nesse dia, os Comandos igualaram em glória os seus mais ilustres antepassados.
Eis uma data que todos os que amam a democracia em Portugal celebram com orgulho... enquanto os que não amam essa mesma democracia preferem esquecer que esse dia existiu.
Eu não esqueço, e a maior parte do povo português também não.
RM

segunda-feira, novembro 14, 2005

Memórias de Estrasburgo 



Após dois meses de viagem, regressei finalmente a Portugal. Foi uma experiência muito importante para mim, quer a nível cultural, quer a nível profissional. No primeiro mês recebi aulas de Língua Francesa e no segundo mês fiz um estágio numa excelente Clínica Veterinária.
Para vos abrir o apetite, deixo-vos com esta imagem da magnífica Catedral de Estrasburgo, localizada no coração medieval da cidade. À esquerda da Catedral na imagem, pode-se observar a Casa Kammerzell, um bonito edifício em madeira que se manteve sempre conservado ao longo de séculos.
RM

terça-feira, setembro 06, 2005

A caminho da Lotaríngia 


Estrasburgo

Recebi uma bolsa para estagiar em Estrasburgo, uma cidade do Nordeste de França, junto à fronteira com a Alemanha. A cidade é a sede do Parlamento Europeu, do Conselho Europeu e do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.
Tenciono aproveitar ao máximo esta oportunidade, quer ao nível técnico, quer ao nível de vivências. É claro que há-de sobrar um fim-de-semana para visitar o meu amigo João Ricardo que está a estagiar próximo de Lyon e outro para visitar o meu amigo Bruno que está a estagiar em Paris.
Prometem ser uns meses excelentes!
Vou fazer o possível para manter este blogue no nível de qualidade a que vos tenho habituado. Um grande abraço para todos!
RM

quarta-feira, agosto 24, 2005

Até breve 

Example

Terminou o Fora do Mundo. Espero que em breve Pedro Mexia (retratado na foto) crie um novo blog, pois este empobrecimento da blogosfera será inaceitável caso se prolongue excessivamente.
RM

terça-feira, agosto 23, 2005

Regresso das férias 

Example

Ao contrário do que tencionava, este ano não fiz a despedida aos leitores e leitoras do blog antes das férias. A minha partida para o Algarve foi um pouco atabalhoada e nem deu para comprar os três primeiros volumes da monumental obra "Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa" do investigador Armando Saturnino Monteiro. O meu amigo João Ricardo fez o seguinte comentário sobre a obra:
- É impressionante saber que este homem dedicou uma vida de trabalho a estes livros, enquanto tu apenas tens que tirar trinta Euros do bolso para os comprares e disfrutares de todo esse conhecimento.
Hoje respondo-lhe assim:
- É verdade, mas são os leitores como eu, que apreciam ao máximo a leitura destes volumes, que dão todo o sentido ao esforço do investigador.

Posto isto, levei para férias a biografia do industrial Alfredo da Silva (1871-1942) e um livro da (caríssima) colecção Batalhas de Portugal: "Chaul e Diu - 1508 e 1509 - o domínio do Índico". Estas leituras apenas duraram oito dias, e como estive três semanas fora, tive que encontrar alternativas. Além do convívio com o meu irmão e o meu primo, encontrámos dois vizinhos do nosso bairro que estavam de férias no mesmo sítio. Um deles, mais que vizinho, é um amigo: trata-se do irmão do João Ricardo (o co-autor ausente deste blog). O outro tinha o aspecto e a mentalidade de um verdadeiro surfista.
Além dos jogos de praia (futebol, vólei na água, pirâmides humanas na água...), fomos a uns bares locais e numa das noites demos um salto a uma discoteca. Eu já não ia a uma há bastantes meses e esquecera-me por completo das mais-ou-menos-tristes cenas de engate. Dois rapazes envergando a camisola da selecção italiana de futebol colocavam-se de joelhos perante várias raparigas e declamavam umas tretas em voz alta. Levavam uma tampa à frente de toda a gente (que se ria deles) e passavam à rapariga/tampa seguinte.
Mais tarde, no meio da confusão sonora e humana da pista, o "surfista" disse-me ao ouvido: "É pena, não é?". Reparei que ele estava a olhar para um grupo de quatro raparigas que abandonavam a pista.
- É pena porquê? - perguntei.
- Tás a ver a última do grupo? Roçou-se a mim na semana passada, quando vim cá com uns amigos e amigas. Mas como eu estava em grupo, na altura não lhe dei atenção.
- Bom, - respondi eu - parece que hoje quem ficou agarrado foste tu!
Ele não se importou com o comentário e sorriu com a certeza de ter muitas oportunidades antes do Verão terminar...
Às 04:10 da manhã um rapaz que dançava num grupo ao lado do nosso tocou-me no ombro e pediu as horas. Devido ao ruído da música limitei-me a apresentar-lhe o mostrador do meu relógio de ponteiros. Ele olhou, revirou os olhos, aproximou-os do mostrador, piscou os olhos... e nada! Não conseguia ver as horas! Das três uma: ou estava bêbado, ou pedrado, ou não sabe vêr as horas num relógio de ponteiros! Gritei-lhe a hora certa ao ouvido e ele agradeceu com um "Tá-se bem!". Enfim, um elemento da geração "Tá-se" no seu melhor!

Com estas voltas passaram-se os primeiros dez dias de férias e os amigos partiram, incluindo o meu primo. Não podia adivinhar que estava prestes a conhecer um grupo de pessoas maravilhosas da minha idade...
RM

quarta-feira, julho 20, 2005

Se a vida fosse justa, não nascíamos a chorar (II) 

Pedro Mexia explica-nos o que entende por "Situação limite".
Não se fiquem pela leitura desse post apenas. O blogue tem muito mais para mostrar e para vossa surpresa, hão-de acabar por tropeçar em pensamentos inesperados e bastante interessantes.
RM

Se a vida fosse justa, não nascíamos a chorar 

O site brasileiro dos Malvados cativou-me desde o primeiro instante em que o visitei. As injustiças da vida, o sofrimento dos ingénuos e dos inocentes, a superioridade permanente dos cínicos, dos egoístas e dos cruéis são-nos reveladas de forma simples, sem floreados nem grandes pinceladas. As críticas feitas à televisão, à internet, às relações entre homens e mulheres, aos vícios humanos e à solidão de muitas pessoas são brilhantes e devastadoras - devastadoras no sentido em que aqueles desenhos feios não só representam o mundo real como são o mundo real de muitas pessoas.

Example

Quando estive no Algarve com o meu velho amigo João meditei um pouco sobre os Malvados; ali na praia, na esplanada, no convívio, estas tirinhas tristes perdem todo o sentido, pois deixam de representar a realidade. Espero por isso (e creio que o autor dos Malvados concorda comigo) que um dia todos possamos afirmar que aqueles desenhos não fazem sentido nenhum.
Visitem o site, que vale a pena. Os quadradinhos acima expostos são apenas um exemplo das muitas tiras geniais que os Malvados apresentam.
Sugiro que coloquem no leitor de CDs o álbum "Americana" dos Offspring enquanto visitam os Malvados. Os temas mais adequados são: "Pretty fly (for a white guy)", "The kids aren't alright", "Walla walla", "Why don't you get a job", "The end of the line" e o brutalíssimo "She's got issues". Enfim, a cultura White Trash no seu melhor, ou seja, no seu pior.
RM

sábado, julho 09, 2005

O efémero regresso 

O João Ricardo regressou de Lion, França, onde estudou um ano por via do programa Erasmus. Esteve cá apenas duas semanas e vai partir em breve.
Durante estes dias tranquilos visitámos o Museu da Presidência da República, a exposição de fotografia da Magnum no CCB, almoçámos fora e demos umas voltas de carro pela cidade.
Noutro dia estava a ver a infame série "Six feet under" (TV 2, segunda, 22:30) e ao ver as personagens numa "road trip" no México, lembrei-me logo de sugerir ao João que fizéssemos uma viagem ao Algarve!
Foi uma semana excelente! Mala leve, gasóleo no carro, uns trocos no bolso e lá fomos nós, tendo os céus como único limite. Chegámos à casa, arrumou-se as bagagens, preparou-se uma refeição e fomos tomar um café num bar com ar condicionado, essa maravilhosa invenção da humanidade. As conversas seguiam com o ritmo tranquilo do ambiente. Fizémos parte do balanço deste longo ano em que o João esteve afastado em França. Para ele, os melhores dias foram quando um grupo de amigos e amigas que faziam Erasmus organizaram uma viagem que começou em Lion e abarcou o Norte de Espanha, incluindo San Sebastian e Bilbau, onde puderam apreciar ao vivo essa preciosidade arquitectónica que é o Guggenheim, uma obra-prima que transformou uma cidade industrial num verdadeiro destino turístico.

Example

Foi um ano em grande para o João. Recordou-se muitos momentos enquanto andámos na praia e também em casa, quando metíamos uns aperitivos nos pratos (amendoins, caju, passas de uva e cheetos), abríamos duas cervejas e deixávamos o tempo passar com serenidade, agora que não estávamos sujeitos à sua tirania diária...
As noites eram passadas nas esplanadas, apreciando as bebidas e toda a fauna humana que nos rodeava. A temperatura era amena e notava-se uma grande satisfação nos rostos das pessoas que circulavam pela marginal.
Olhando o mar na última manhã que lá passei, lembrei-me que só voltarei a ver o meu amigo daqui por seis meses, quando terminar o seu estágio em França. Também por esse motivo estes dias ganharam um valor ainda mais especial e temos pela frente muitos e bons anos para poder repeti-los.
Boa viagem e bom estágio, caro amigo!
RM

sexta-feira, julho 01, 2005

Um guerreiro da Liberdade 

Example

Emídio Guerreiro é das figuras mais fascinantes do século XX português. Republicano e maçon, combateu a ditadura militar em Portugal, combateu o Salazarismo, lutou na Guerra civil de Espanha, combateu o nazismo, esteve preso em Portugal e num campo de concentração em França, foi um dos fundadores do PPD e também líder desse partido.
No pós-25 de Abril, quando a extrema-esquerda ameaçava na rua que quem não estava com eles era fascista, poucos no PPD tiveram coragem para fazer campanha eleitoral em Évora. Pois bem, o "velho" Guerreiro ofereceu-se para organizar um comício nessa cidade, ao qual ele chegaria não de carro nem a pé, mas sim... de pára-quedas! Um homem com mais de setenta anos a fazer pára-quedismo numa das zonas menos favoráveis ao seu partido!
Esse plano acabou por não se cumprir, mas ficou o exemplo da coragem extraordinária deste ser humano, para quem a Liberdade era um valor em nome do qual tinham que ser feitos todos os sacrifícios.
Morreu aos 105 anos de idade, após uma vida recheada de aventuras, perigos, derrotas e vitórias. Faleceu na paz de um lar de Guimarães, certamente satisfeito por ter sobrevivido a todas as ditaduras que enfrentou ao longo do século passado.
RM

quinta-feira, junho 23, 2005

Parabéns, Professor Damásio! 

As notícias desta época do ano costumam primar pela mediocridade: a obssessão em transmitir os fogos pela televisão é verdadeiramente doentia. Recordo agora o que escrevi aqui no ano passado, sem lhe tirar uma única linha.
De vez em quando surge uma novidade verdadeiramente feliz; foi o caso do Prémio Príncipe das Astúrias de Ciência, ganho pelo Professor António Damásio, um dos grandes especialistas mundiais na área da neurologia e que lecciona actualmente nos Estados Unidos. Esperemos que os gestores da Fundação Sommer consigam persuadir o ilustre cientista a regressar à Terra-Mãe...

Example

RM

domingo, junho 19, 2005

Um pódio é sempre um pódio 

E por isso, quando daqui por muitos anos perguntarmos se alguma vez um Português subiu a um pódio numa competição de Fórmula 1, muitos se lembrarão do nome Tiago Monteiro, mas poucos se recordarão que apenas seis veículos participaram na prova, devido à desistência de catorze pilotos por falta de pneus adequados...
Tiago Monteiro está de parabéns. Eis um dia que ele nunca esquecerá. Pergunto apenas: o que estará Pedro Lamy a pensar neste momento?
RM

segunda-feira, maio 30, 2005

O NÃO venceu em França 

Tal como as sondagens previam, os franceses votaram maioritáriamente contra o Tratado que estabelece uma Constituição para a Europa. Creio que chegou a hora de repensar o projecto europeu, em vez de seguir cegamente em frente, como defendem alguns eurocratas.
Para mim, o factor que me colocou frontalmente contra a Constituição foi a atitude Franco-Alemã em relação ao Pacto de Estabilidade. Os países grandes não cumpriram as regras do pacto (regras por eles estabelecidas!) enquanto países pequenos como o nosso (durante a era de Manuela Ferreira Leite) fizeram sacrifícios enormes para cumprir as regras. Perante isto, porque razão havemos de dar ainda mais poder aos países grandes e à burocracia de Bruxelas/Estrasburgo? Quando a UE for regida por verdadeiros princípios de Justiça e Igualdade entre grandes e pequenos, então poderemos avançar tranquilamente no sentido de uma União mais forte e coesa.
Por agora, o melhor que temos a fazer é recusar em referendo este projecto.
RM

domingo, maio 22, 2005

Benfica, o glorioso 

Após onze anos de jejum, vencemos o campeonato. Mal o jogo terminou recebi logo mensagens do meu primo e do João Ricardo, que viu o jogo em directo a partir de Lyon onde está a estudar através do programa Erasmus. Assisti à última partida em boa companhia, num café do bairro. No fim, a alegria das pessoas presentes era indescritível. O nosso clube está de parabéns!
RM

sexta-feira, maio 20, 2005

Parabéns ao Império 

Após uma longa semana de atraso, desejo um feliz aniversário ao meu blogue de direita favorito! O quinto império está de parabéns!
RM

O voto do Filipe 

No Respublica o Filipe explica porque vai votar SIM no referendo sobre a Constituição Europeia.
RM

Porquê votar NÃO, sem deixar de amar a Europa 

Porque a aprovação da Constituição Europeia vai criar desequilíbrios de poder com efeitos devastadores no espírito solidário que inspirou a criação da CEE e da UE. Eu amo a Europa, mas não aceito esta Constituição. Por isso vou votar NÃO.
Não se esqueçam de dar um saltinho ao Sítio do NÃO.
RM

sexta-feira, maio 13, 2005

Um final feliz 

Tarde e a más horas, aqui registo a minha opinião sobre o desfecho do caso Ivo Ferreira, o jovem português que foi preso no Dubai por consumo de haxixe. Estou contente com a libertação do jovem e o seu regresso à pátria e à família. E espero que ele não volte a consumir drogas, nem no Dubai (ele já anunciou que nunca regressará a esse país) nem em lado nenhum, Portugal incluído. A diplomacia nacional foi magnífica neste processo.
RM

terça-feira, maio 10, 2005

A frase do dia 9 de Maio 

"De quem não tem filhos não sobra realmente nada."
Pedro Mexia

RM

sábado, maio 07, 2005

Morreu Jorge Perestrelo 

O popular locutor de futebol da rádio (TSF) e televisão - quem não se lembra do célebre "P´rá você qui é amigo da SIC!" - faleceu ontem de ataque cardíaco, 24 horas depois do último jogo de futebol que descreveu na rádio, o AZ Alkmar - Sporting. Eu adorava ouvir Perestrelo, com os seus excessos ("Ripa na rapaqueca!"), as suas dicas aos jogadores ("Passa a bola, ó meu!"), as suas conclusões certeiras ("Que falhanço! Até eu era capaz de chegar e marcar com a minha barriguinha!"), os seus êxtases "religiosos" ("Nossa Senhora! Mais o qui é qui é isso?"), e o vocabulário africano, que ele utilizava com muito orgulho e boa disposição. Hoje, o futebol português ficou mais pobre.
Que Jorge tenha um merecido descanso.
RM

sexta-feira, maio 06, 2005

A prenda de Pedro a José 

Foi assim que Pedro Mexia desejou feliz aniversário ao Abrupto. Gosto muito de ambos e estou certo que ainda tenho muito a aprender com o que eles escrevem. A vertente civilizacional de um blog é muito importante (o "LÁ FORA" de José Pacheco Pereira), mas um blog não deixa de ser o sucessor do diário, e nesse sentido o "cá dentro" de Pedro Mexia sobrepõe-se ao mundo exterior.
Citando Mexia:

"Não é preciso ser crente (como eu sou) para dizer, com veemência, que o mais importante não se passa LÁ FORA (sic) mas cá dentro. Que as paixões, ironias, tragédias, indecisões e medos são o mais importante. O mais importante não é o espaço público habermasiano. É o que se passa cá dentro. E não é com um simulacro desse cá dentro (os poemas e os quadros) que se elimina essa decisiva distinção. Existem combates políticos decisivos e discussões intelectuais estimulantes? Certamente. Mas há uma dimensão frágil do que é humano que me fascina quando leio um blogue e que me afasta da leitura do bloguista Pacheco."
"Repito: tenho consideração intelectual por Pacheco Pereira. Sou leitor atento dos seus textos na imprensa. E considero que, mesmo na blogosfera, cada um escreve com o estilo e os objectivos que bem entende. Mas, para o meu gosto, o Abrupto é demasiado pessoal para ser um bom blogue político e demasiado político para ser um bom blogue pessoal. [P.M.] "

RM

Parabéns a você... 

O Abrupto, que para mim é o melhor blog português, faz hoje dois anos. Parabéns a José Pacheco Pereira pela qualidade que conseguiu manter ao longo deste tempo.
RM

quarta-feira, maio 04, 2005

Nova ligação 

Às vezes em sonho triste
Nos meus desejos existe
Longinquamente um país
Onde ser feliz consiste
Apenas em ser feliz.


(Fernando Pessoa)

Este magnífico poema convenceu-me a regressar várias vezes a um blog cujo tom pessoal e íntimo é extremamente cativante. Aconselho-vos também a darem um salto ao Transcendencia!
RM

sábado, abril 30, 2005

Vale a pena dar lá um salto! 

Example

Apesar da falta de tempo na próxima semana, tenho que ir à Ovibeja. O meu primo já me convidou e tenho estadia garantida. Sim, estadia, pois tão bom quanto o dia na feira é a noite passada com os estudantes da cidade! E como as noites em Beja não acabam cedo, é bom ter um poiso seguro para recuperar forças...
Se forem a Beja, não deixem de visitar o castelo e a sua fabulosa Torre de Menagem. Além de ser um monumento magnífico, poderão usufruir de uma paisagem magestosa.
Vemo-nos na feira!
RM

sexta-feira, abril 22, 2005

Venceu o bom senso 

Carmona Rodrigues é o candidato do PSD para a câmara de Lisboa, nas próximas eleições autárquicas. Competente, preparado, com uma imagem respeitável junto do eleitorado, eis aqui um adversário com condições de vencer Carrilho. Mas como neste confronto a capacidade política é mais importante que a capacidade técnica, creio que os ventos sopram a favor de uma presidência de esquerda no município... caberá aos eleitores decidir quem consideram o melhor. O PSD já o fez.
RM

quinta-feira, abril 21, 2005

E vocês, onde vão passar o fim de semana prolongado? 

Example

Um excelente 25 de Abril para todos, e não percam tempo a ver as cerimónias na Assembleia da República; a Liberdade celebra-se no convívio com os nossos, fazendo uma bela almoçarada (regada com um bom vinho Alentejano) e apreciando os benefícios desta jovem democracia. Não se celebra fechado em casa, sentado num sofá, a ver e ouvir as banalidades de que estamos todos fartos. Bom fim de semana prolongado!
RM

quarta-feira, abril 20, 2005

Debater a cultura faz muito bem (II) 

A conversa subiu de tom quando Daniel Oliveira se referiu a um texto de Oriana Fallaci (colocado na revista), acusando a autora italiana de xenofobia anti-muçulmana e desonestidade intelectual (esta "desonestidade intelectual" refere-se a uma célebre entrevista que ela fez a Álvaro Cunhal, na qual se ficou com uma ideia pouco abonatória do velho vermelho - ainda hoje não se sabe se Cunhal disse de facto aquilo). Pedro Lomba (que esteve discreto quase todo o debate) cortou a discussão com uma citação de Oriana: "Eu não gosto dos homens Argelinos!", que pôs a audiência a rir e permitiu acalmar os ânimos de todos. Pedro Mexia perguntou a Helena Matos: "O que é o Ocidente?". A resposta foi vaga e pouco esclarecedora. Mas numa coisa teve razão Helena Matos: "Eu não fui educada numa cultura que me permita aceitar as torturas que sofrem as mulheres [cristãs e muçulmanas] do Sudão!". Eu não podia concordar mais. E creio que o "multiculturalismo" tem que se vergar perante os direitos humanos. Agora, a quem cabe impôr esses direitos? Aos EUA? À UE (Ah Ah Ah)? Quantos rapazes da minha antiga faculdade estariam dispostos a oferecerem-se para combater milícias extremistas, no meio do caldeirão infindável do Darfur, um inferno a milhares de quilómetros da casa, da família, dos bares e discotecas onde se embebedam, do computador onde brincam às guerras, do sofá confortável onde assistem aos jogos de futebol? A resposta é difícil, mas enquanto o Ocidente brinca às perguntas e respostas, há milhares de pessoas a serem chacinadas no Sudão. Por isso e por muito mais é que alguém disse brilhantemente no debate: "O pior inimigo do Ocidente é o próprio Ocidente!" As horas passaram a voar, e como certamente havia jantares marcados e também uma equipa de produção (das Produções Fictícias) que provavelmente não estava a trabalhar à borla (enquanto nós, espectadores, não pagámos nada), foi lançado o sinal para apressar a parte da crítica musical e literária. Foi pena. Sobretudo porque os livros iam ser criticados na forma que mais gosto: com bastantes excertos retirados e comentados. Não sendo isso possível, ficou-se com uma ideia menos clara sobre as obras, e no fim Daniel Oliveira teve o bom senso de deixar para o próximo mês a sua crítica ao livro de José Manuel Fernandes "Ninguém é neutro", relacionado com a segunda guerra do Golfo. Saí bem-disposto do São Luiz, e circulei pelas bonitas ruas do Chiado enquanto apreciava o fim da tarde. Voltamos a encontrar-nos em Maio. RM

terça-feira, abril 19, 2005

Habemus papam! 

Gosto de homens conservadores, e sou amigo de alguns. Mas quando o que está em causa é a orientação da Fé de mil milhões de seres humanos, creio que o conservadorismo não é a melhor opção, pois corre-se o risco grave de se ser ultrapassado pelas imparáveis mudanças do nosso tempo. O Cardeal Joseph Ratzinger, agora Papa Bento XVI, é um homem que admiro pela sua ampla cultura e inteligência. Não faço prognósticos sobre o seu papado (acho aliás que ninguém tem capacidade para fazê-los). Espero apenas que o seu amor pela Doutrina e pela Regra não ensombre o amor que o Papa deve ter pelos mais indefesos e desfavorecidos, que amam a Igreja mas não se conseguem proteger da fome, da guerra, da sida.
O duro combate contra o relativismo moral será uma batalha pessoal na qual Bento XVI terá poucos aliados e muitos adversários, sobretudo no mundo ocidental industrializado. Mas trata-se de um desafio que tem de ser vencido a todo o custo, sob pena de legarmos aos nossos descendentes um mundo anárquico e sem referências, um mundo no qual eu não seria capaz de viver.
RM

NON 

A mais recente sondagem relativa às intenções de voto dos franceses no referendo à Constituição Europeia dá ao "Não" 56%, e ao "Sim" apenas 44%. São boas notícias para todos os que estão descontentes com o texto da Constituição (é o meu caso, como já sabem). Porque caso o Não vença nas terras gaulesas, podemos estar descansados, pois todo o esquema de aprovação ficará desmoronado. O mais certo é depois nem haver referendo em Portugal...
E depois do Não, o que sucederá? Bom, ninguém sabe ao certo, pois os "estadistas" que iniciaram o processo consideraram inaceitável que houvesse uma recusa democrática da Constituição; isto diz muito sobre a falta de respeito democrático que tais dirigentes têm em relação aos cidadãos europeus.
Espero poder em breve colocar aqui alguns artigos da Constituição que me preocupam.
RM

quinta-feira, abril 14, 2005

Debater a cultura faz muito bem 

Convidei uns amigos a assistirem ao debate "É a cultura, estúpido!", que ocorreu na passada quarta-feira no jardim de inverno do teatro municipal São Luis, em Lisboa.
Infelizmente não puderam ir ( por motivos de força maior... :) ), mas eu fui e gostei bastante.
A entrevistada foi a jornalista Helena Matos, que acaba de lançar o projecto de uma revista liberal, a Atlântico. A entrevistadora foi Anabela Mota Ribeiro, que ao vivo me surpreendeu pela sua jovialidade e segurança nas perguntas.

Example

De facto, a ideia que eu tinha de Anabela Mota era bastante pobre: por um lado, gostava das suas entrevistas para as selecções da reader`s digest, por outro concordava com o cronista do Expresso Pedro d`Anunciação, que criticava a sua "excitação fria" e mau desempenho enquanto apresentadora do programa cultural da 2: , o Magazine. Hoje em dia discordo com o cronista, não só porque o debate alterou o meu olhar sobre Anabela Mota, mas também porque se tornou claro para mim que o velho patriarca cronista tem uma sanha persecutória contra a jovem jornalista: ainda no último sábado, classificou um programa degradante da RTP memória com 16 valores, dando 9 ao Magazine e reforçando como sempre o nome da apresentadora...
Adiante. A entrevista começou com a pergunta certeira de Anabela: "Esta revista é de esquerda ou de direita?" Helena Matos respondeu que é uma revista liberal, quer no plano moral (é de esquerda) quer no plano de política económica e social (é de direita). Mas Daniel Oliveira não gostou da definição "liberal" e defendeu a sua tese de que a Atlântico é claramente de direita. Trouxe para a discussão uma questão interessante:
- Se um grupo de pessoas apresentar um projecto de revista ideológicamente de esquerda ao grupo Mello para ser financiada, e a José Manuel Fernandes (director do jornal Público) para ser divulgada, será que receberiam todos os apoios que você conseguiu obter?
A resposta foi categórica:
- Um projecto de esquerda na comunicação social portuguesa tem sempre maior probabilidade de gerar lucros que um de direita, pelo que os grupos económicos têm a ganhar mais com revistas de esquerda. Quanto ao apoio do Público... eu não tenho dinheiro para uma campanha publicitária, e a entrega gratuita do primeiro número da revista junto com o jornal pareceu-me bastante benéfica quer para nós quer para o próprio jornal.
Amanhã (ou depois...) prosseguirei com os meus comentários ao "É a cultura, estúpido!" de Abril de 2005.
RM

domingo, abril 03, 2005

Partiu o mais amado 

A morte do papa João Paulo II, ocorrida ontem, provocou uma onda de comoção em todo o mundo. Tratou-se da perda de um dos maiores líderes católicos de sempre, um homem que deixou o exemplo de como deve agir e reflectir um papa. A sua aproximação aos fiéis de 129 países, levando na sua voz a mensagem da Igreja, marcou definitivamente e de forma positiva o seu pontificado.
Vai deixar muitas saudades. Que descanse em paz.
RM

quarta-feira, março 23, 2005

Já repararam... 

Que o Abrupto se tornou menos dinâmico e interessante desde que o governo de Santana saíu de cena?
Mas não devemos ficar tristes: em breve o novo governo dará a José Pacheco Pereira uma inspiração para escrever tão grande quanto aquela que ele teve nos meses de Julho de 2004 até Fevereiro de 2005...
RM

sábado, janeiro 29, 2005

A Torre de Beja (VII) 

O meu primo afastou-se do grupo e segredou-me:
- Vou ali buscar uma amiga e depois vou lá ter convosco.
Eu ia abrir a boca de espanto, mas em vez disso limitei-me a acenar que sim. Não estou habituado a vê-lo com grandes intimidades em relação a raparigas, mas ainda bem que tudo mudou. Estou a ver que os ares de Beja lhe estão a fazer bem. Separámo-nos e regressei para junto do grupo. Ao informá-los do destino do meu primo, seguiram-se os piropos inevitáveis. O grupo dirigiu-se para o bar, que estava mesmo no ponto: pista de dança cheia, mas com lotação suficiente para se dançar e movimentar à vontade. Os rapazes explicaram-me que a malta da escola agrária tinha lugar cativo numa zona da pista, por isso mesmo que um deles chegasse sozinho, bastava-lhe encaminhar-se para lá e juntar-se à curtição. O meu primo chegou depois, com a sua amiga, e até às tantas dançou-se, bebeu-se, enfim, todos se divertiram. Bom, nem todos. O moço de 18 anos, desiludido pela falta de parceira para uma dança mais íntima, estava um pouco murcho perto do fim. Nessa altura parei de dançar e afastei-me do grupo. Saí para o exterior onde estava um frio convidativo a uma boa meditação:

Era excelente ver a alegria do meu primo e também dos outros rapazes, todos eles com uma companheira. No entanto, caso tivesse chegado ao bar àquela hora, teria ficado preocupado. O ambiente exibia a decadência espiritual de toda uma civilização. Aqueles jovens, mais ou menos embriagados, pareciam completamente perdidos e o seu país (cujo futuro será construído por eles), condenado a um fracasso histórico completo. Perguntei a mim mesmo como foi possível (num passado imensamente longínquo, quando mal se podia considerar Portugal um país) vencer adversários que nos eram totalmente superiores quer a nível cultural quer a nível militar...
RM

sábado, janeiro 22, 2005

Non, ou a vã glória de mandar 

Antes de se iniciar a projecção de um filme no cinema, geralmente são apresentados os trailers de outros. Vi recentemente o trailer do próximo filme do realizador António de Oliveira, sobre Dom Sebastião. Para mim, o Sebastianismo é o sentimento mais forte e genuíno que o nosso povo possui. Eu próprio tenho a convicção firme que o nosso país apenas pode avançar com a inspiração e liderança de um grande líder.
E foi esse mesmo sentimento nacional que levou em 1578 a um desastre de proporções horrendas: Alcácer Quibir.
Nenhum outro período da nossa história encerra maiores lições do que aquele que decorreu entre os anos anteriores à fatídica batalha e a chegada ao poder da dinastia Filipina.
Foi por tudo isto que fiquei desiludido com o trailer: as cenas passaram-se todas numa sala obscura, sem qualquer dinamismo nem expressão épica. Um tema tão vasto e grandioso não pode ser aprisionado assim, pois cria nos espectadores uma desagradável sensação de claustrofobia cénica. Decidi que vou ver o filme, pois se for mau, poderei confirmar de facto que não me enganei.
António de Oliveira disse brilhantemente que não tem nada contra os filmes americanos, os espectadores desses filmes é que parecem ter algo contra ele. Depois de ter visto o megalómano fiasco que foi o filme "Alexandre" dou ao nosso veterano realizador toda a razão. Ele pelo menos não desperdiça vinte milhões de contos num mau filme.
RM

segunda-feira, janeiro 17, 2005

A Torre de Beja (VI) 

- Tenho uma revelação a fazer-te.
- Diz.
- Vou morrer.
(Pausa; silêncio)
- Todos vamos morrer, mais tarde ou mais cedo.
- Eu sei que vou morrer mais cedo.
RM

domingo, janeiro 16, 2005

A Torre de Beja (V) 

- Esta caipirinha é um verdadeiro desastre!
- Qual Mourinho qual quê! A gente safa-se bem com quem ficou, enquanto vocês estão apenas na UEFA!
- O gajo de Évora era doido varrido! Não o vejo desde essa altura.
Silêncio. Adoro o silêncio. Sobretudo quando estou bem acompanhado, envolvido por várias conversas diferentes e simultâneas. Deixo de falar, continuo a ouvir e levanto voo, afastando-me sem parar, até atingir os limites mais distantes da minha imaginação. Enquanto os rapazes falavam, voltei a confirmar as maravilhas de sonhar acordado: pode-se manter um certo grau de atenção ao que nos rodeia, ao mesmo tempo que conscientemente nos podemos ausentar do local. São estes fantásticos exercícios espirituais que reforçam a minha agilidade mental, e não perco uma única oportunidade para torná-la mais flexível, elástica e dinâmica. Em poucos minutos, viajei até à aldeia dos avós, onde no Verão tomávamos banho nos tanques de rega, secando em seguida deitados nas largas lages de xisto; comíamos figos maduros e os meus primos (com apenas cinco anos) abriam sozinhos, à facada, enormes melancias, frescas e sumarentas. Os passeios que fazíamos pelo campo eram quase intermináveis, sendo aquela a forma mais feliz de conhecer o mundo. O sol permitia regressar a casa depois das nove da noite, e depois do jantar voltávamos à estrada, onde nos deitávamos no meio do alcatrão quente. Não passava carro nenhum, enquanto olhávamos para o cosmos, à espera das estrelas cadentes, cuja aparição desencadeava em nós sentimentos profundos, que cada um guardava para si.

O café estava a terminar. Um dos elementos levantou-se, seguido de outro, e outro. Estavam eufóricos. Dirigiram-se para um prédio próximo, onde estava um grupo de quatro raparigas, que incluia as suas namoradas, companheiras e amigas. Quando elas desceram a euforia dos rapazes foi substituída por uma alegria ligeiramente nervosa. De tal forma eles estavam atabalhoados, que ninguém me foi apresentado, e assim seguimos para os bares. Fiquei impressionado com o contraste brutal entre a confiança dos rapazes na conversa do jantar, onde falavam de raparigas com o maior dos à-vontades, e este surto de infantilidade, que os colocava não na posição de companheiros delas, mas sim na de miúdos. Um dos moços (caso não se recordem, era o primo de um dos rapazes da casa, com 18 anos de idade) já era conhecido das raparigas. Elas fizeram uma festa quando o viram, mas não no melhor sentido: trataram-no como se ele fosse uma criança, o que o irritou.
A conversar com o meu primo, fiquei com a ideia que o moço foi a Beja para curtir, mas ao que parece não ia ter muita sorte...
As ruas de Beja à noite são calmas, frias e bem iluminadas. Enquanto caminhávamos, o meu primo apresentou-me uma rapariga conterrânea, e com a conversa sobre paisagens comuns quebrou-se uma certa distância que sempre existe quando não se conhece as pessoas.
Num cruzamento, o meu primo parou de repente. Pediu-me que nos afastássemos, e discretamente fez-me uma revelação. Aquilo que me revelou foi tão chocante que quase caí para o lado.
RM

This page is powered by Blogger. Isn't yours?