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segunda-feira, maio 31, 2004

Santa Maria 



A Feira do Livro 

E este ano, mais uma vez, lá cumpri um dos meus rituais de higiene anuais: a Feira do Livro. Confesso que houve uma altura, não há muitos anos, em que também eu defendia com ardor a saída do certame do Parque Eduardo VII. Que o modelo da Feira estava esgotado, que as barraquinhas eram as mesmas de há décadas, que a nova FIL prometia um espaço mais amplo, abrigado, moderno, e cosmopolita; enfim – porque não dizê-lo – porque o dito recinto é um sítio no qual é pouco conveniente passear e ser-se visto a partir de determinadas horas. Tudo tretas, claro. Com o passar dos anos, reconciliei-me com a Feira no Parque. Por várias razões, todas elas subjectivas e pessoais. Desde logo, porque acredito que nas cidades os espaços "malditos" se recuperam com pessoas, trazendo cidadãos "normais" em massa, fazendo deles locais que as pessoas civilizadas percorram, onde passeiem, vivam, trabalhem e se divirtam, vinte e quatro horas por dia. É essa a razão da desgraça do Intendente. Se o Parque Eduardo VII não fosse o local da Feira do Livro, há muito que seria um sítio perdido para a cidade. Finalmente – e o que é mais importante -, porque numa cidade em que tradicionalmente nos fechamos em centros comerciais e em casa (essa instituição lisboeta de lazer por excelência), mesmo nos mais belos dias, fazem falta eventos como este, que tragam jovens, famílias, amigos e simples passeantes para a rua, que nos proporcionem a fruição dos nossos parques, das nossas ruas e das nossas avenidas nestes magníficos (e ainda benignos) dias de final de Primavera. Continuo a pensar que a alameda central do parque devia ser completamente coberta de relva fofa e ver as sebes retiradas, para que a fruição do Parque pudesse ser plena, mas ainda assim acho muitíssimo mais agradável ver, escolher e comprar livros ao ar livre, à sombra do arvoredo do que num qualquer pavilhão fechado, sob a luz artificial. Essa é a solução para urbes do Norte da Europa, where the sun don’t ever shine, mas na nossa ensolarada e catita lisboazinha, abençoada pela brisa da maresia e pelos doces anoiteceres de Junho, nunca. JR

A Feira do Livro (II) 

E no passado Sábado à tarde lá estavam António Lobo Antunes, José Saramago, Pepetela, Helena Sacadura Cabral, Eduardo Prado Coelho, Mário de Carvalho e Mário Cláudio assinando e dedicando livros aos leitores, conversando igualmente com os mais temerários. Este é, sem dúvida nenhuma, um dos mais saudáveis e bonitos aspectos da Feira do Livro: o convívio sereno e agradável dos escritores com os leitores. Também lá estava o Pedro Mexia (bem mais badocha, simpático e conversador do que eu supunha) no stand da Cotovia, a assinar a quem pedisse (pouca gente, é verdade) o seu livro O Fora do Mundo, recolha dos melhores posts da sua autoria na Coluna Infame e no Dicionário do Diabo (este último já extinto, sniff...). Daqui agradeço a simpatiquíssima dedicatória. Mais tarde, às 19h30, lá assisti ao lançamento do dito livro no minúsculo (mas acolhedor) Auditório 2. Cheguei com muita gente já sentada, mas lá consegui um lugar à frente. Minutos mais tarde, já eram muitos aqueles em pé (e a Charlotte sentada ao meu lado, quem diria). A apresentação esteve a cargo de Pedro Lomba e de Abel Barros Baptista. O primeiro foi sentido e entusiasmado na sua explanação do fenómeno dos blogs, não hesitando em declarar o seu amigo Pedro como o fundador do movimento em Portugal. O segundo, claramente mais distanciado destas lides (e assumindo-o logo de início), enveredou por uma divertida e agradável dissertação sobre o fenómeno (penso que já passou o tempo de falar de "moda") dos blogs, do seu registo, das suas consequências ao nível da comunicação social, da sociedade e da escrita, bem como da relação que estes podem vir a ter num futuro próximo com a literatura. Apontou o Fora do Mundo como sendo um livro que vem inaugurar um novo género: não é um romance, não é um diário, é algo novo. Finalmente, o próprio Mexia leu alguns posts (chamemos-lhes assim) do livro, por si seleccionados, alguns dos quais hilariantes e capazes de fazer a assistência rir-se a bandeiras despregadas, outros de uma melacolia e de uma self-deprecation verdadeiramente lancinantes. O rapaz é um talento, que fazer? Eram quase oito da noite quando tudo acabou e eu fui à minha vida. Estava ganho o dia. JR

domingo, maio 30, 2004

Livra! 

Manuel Monteiro e sus muchachos a distribuir propaganda do PND no Metro do Porto? Antes ser assaltado por um gang na Linha de Sintra. JR

Simplesmente Maria 

Roubar o namorado à melhor amiga não se faz. Mas há alturas em que tem mesmo de ser. Ora ouçam:

I’ve got a thing for you baby always have
Never knew how far my heart would take me
She’s my friend but she treats you bad
Can’t let that happen to such a decent man
If you let me in, let me stay a while
I’ll do more than make you smile
Come to me child

I’m gonna soothe you
Hey baby
I know just what to do
My baby

Don’t worry, I won’t do you any harm
My touch is gentle, my body is warm
Lift your head, feel my cool hand on your face
Let me kiss your tears away
If you let me in, honey let me stay
Lay your head on my breast
I’ll do the rest

I’m gonna soothe you
Hey baby
I know just what to do
My baby

Can you feel it
Comin’ down like a trance
Forget your head remember how to dance
Can you feel it
Comin down like healin’
So deep, it just couldn’t be a sin, now Baby

Walk on in, baby come on in
Make yourself at home in my arms

I’m gonna soothe you
Hey baby
I know just what to do
My baby


[Maria Mckee, "I'm Gonna Soothe You", do álbum You Gotta Sin to Get Saved, 1993]




E senhores, se a melhor amiga da nossa namorada fosse esta menina, quem poderia resistir? JR





quarta-feira, maio 26, 2004

A que mundo pertenço 

Foi hoje à tarde. Eram cinco e meia e eu regressava a casa, o autocarro cheio. Parámos no Areeiro, à entrada da Avenida do Aeroporto. Uma paragem na qual habitualmente entram, saídos do metro, numerosos imigrantes paquistaneses, indianos, chineses e ucranianos, homens de todas as raças da Terra. Encostado junto ao vidro, deixo o meu olhar fixar-se em algo caricato. Um homem de aspecto árabe, de barba branca, descalço no passeio, de costas para nós e com as sandálias ao seu lado. Com vestes humildes e um barrete na cabeça está de pé, absorto e a olhar para o vazio. É então que percebo. O homem é muçulmano e está a rezar, virado para Meca. Ergue as palmas das mãos para o céu e ajoelha-se, ficando completamente prostrado no chão. Olho de novo em frente e por muito breves momentos (não brinco) imagino os minaretes de Meca em vez das colinas da Bela Vista e a infernal reverberação do ar do deserto de Rub-Al-Khali em vez do doce azul do céu da tarde, sobre o Tejo. Desvio o olhar por pudor e olho para o resto dos passageiros. Um silêncio incrédulo e embaraçoso tinha-se instalado entre nós. O autocarro arranca de novo e eu sem saber o que pensar daquilo, que ensinamento tirar daquilo. Os minutos passam e a imagem daqueles pés descalços sobre a calçada e daquele homem ajoelhado no passeio não me sai da cabeça. Já tinha visto ranchos de famílias Malaias e Iranianas rezando na relva do Hyde Park, em Londres. Mas na minha cidade, nos passeios que percorro todos os dias, nunca. Continuo sem saber o que pensar daquilo, mas uma coisa verifiquei com a minha experiência. Que na capital deste pacífico país ocidental, aquele homem pôde tranquilamente praticar os seus rituais religiosos em pleno passeio, sem que os transeuntes o perturbassem ou os passageiros do autocarro se manifestassem (uma senhora à minha frente murmurou baixinho "Valha-me Deus...", mas foi tudo). Um cristão que numa qualquer rua de Islamabad, Khartum ou Ibadan se ajoelhasse para rezar seria imediatamente linchado ou queimado vivo por uma multidão em fúria. É esta a civilização à qual pertenço. Aquela à qual quero pertencer, aquela que quero preservar e defender. E cada vez tenho menos dúvidas quanto a isso. JR

terça-feira, maio 25, 2004

Viva México! (IV) 



Vista do topo da pirâmide de Chinchen Itza, Península de Yucatan, México - Abril de 2004


Contra as ideias 

Este texto do Pedro Lomba publicado hoje no DN é magnífico e não resisto a transcrevê-lo na íntegra:

Não sei quantas vezes já ouvi este apelo: a política precisa de mais ideias. Mas sei que foram muitas e com variantes que passo a enumerar. Uns defendem uma política das ideias em vez de uma política das pessoas, como se em política as pessoas não fossem, provavelmente, o mais importante. Outros afirmam a superioridade natural das ideias sobre os saberes menores, da técnica às finanças. Outros ainda, sobretudo na esquerda, querem tanto levar a «inteligência ao poder» que, sempre que a «inteligência» lá chega, o poder torna-se aborrecidamente mais burro. Outros, por fim, querem uma política com cultura e «sensibilidade cultural», como se um governante precisasse de conhecer o cânone literário para ser bem sucedido e como se ficasse mais «sensível» por isso.

Na realidade, o valor das ideias para a política é muito sobrevalorizado. Alguns dos mais notáveis estadistas que este mundo conheceu não tinham muitas ideias mas tinham qualidades políticas mais decisivas, como o carácter e a clarividência. Eu, confesso, sou um céptico em relação ao poder das ideias. As ideias são a antecâmara das ideologias, das utopias, de leis históricas, de projectos políticos absolutistas. E sou ainda mais céptico em relação aos simplórios que, com duas ideias e dois parágrafos na cabeça, aspiram a ir por aí ensinar aos outros como é que eles devem viver. Quando vejo uma criatura babar demasiadas certezas, desconfio. Quando vejo alguém disposto a transformar o mundo a partir da sua cabeça, temo o pior. Não pretendo afirmar a inutilidade das ideias, ou o fim da História, ou uma qualquer era do consenso e da conformidade. Não quero dizer que as ideias se tornaram fúteis ou que as escolhas políticas se cingem a questões meramente técnicas ou funcionais. O que quero dizer é que as ideias não são assim tão importantes na política; em excesso, podem ser mesmo nocivas.

A esquerda e a direita, em Portugal, sempre se apegaram às ideias e às autodefinições. Sempre demarcaram o seu campo, excluindo toda a diferença, encerrando o país nos seus próprios sistemas. A nossa esquerda é ela própria uma ideia, abstracta e impraticável. Mas também a nossa direita, que tinha mais obrigação em andar com os pés na terra, preferiu sempre o empíreo intelectual à realidade do tempo e da experiência. Tal como a esquerda, a direita portuguesa nunca deixou de ser académica e platónica, o resultado de toda uma herança filosófica que carregamos às costas: intelectual, racionalista, apriorística, ideológica. Infelizmente, Portugal foi governado por ideias e intelectuais, e apenas por ideias e intelectuais, durante demasiado tempo.

Esta política de cátedra ou de santuário deixa-me frio. Porque antes da cátedra e do santuário, antes das especulações da direita tradicional ou da esquerda tradicional, existe uma coisa infinitamente mais importante: a experiência. A experiência política e não-política. A experiência linear e contraditória. A experiência colectiva e individual. Diante desse território proteico que é a experiência humana, pouco importa a chusma de conceitos e teorias com que alguns pensam em governar-nos; só as posições que assumimos em face de problemas concretos. Quase toda a nossa reflexão política, nada abstracta e ideológica, nasce de problemas concretos, de questões concretas. A precedência das ideias sobre a experiência nunca é boa conselheira. Por isso, devemos aceitar a finitude e limitação da acção política. A experiência deve ser o seu fim e o seu limite. É mais importante resolver problemas do que aplicar teorias; é mais importante o que conseguimos fazer sem o poder do que o que conseguimos fazer com ele. Voltarei em breve a este assunto.

Até a nossa própria experiência ultrapassa, fatalmente, tudo o que pensamos. As ideias que temos são contingentes e falíveis. Não há unidade possível. Não há coerência possível. Um cristão apanha-se frequentemente em contradição com o seu credo, um socialista não é socialista todas as horas do dia, um conservador cede muitas vezes ao liberalismo. A experiência mostra--nos que a diversidade e o pluralismo são forças irresistíveis; e que essa diversidade e esse pluralismo, antes de estarem nos outros, encontram-se em nós. No exacto instante em que esperamos viver de uma maneira, estamos a viver de outra. Ao mesmo tempo que pomos as ideias à frente da realidade, a realidade ultrapassa as ideias. Somos marcados por inúmeros conflitos de visões, mundividências, projectos pessoais, idiossincrasias. Governar os outros não é fácil. Mais difícil, e mais importante, é governarmo-nos a nós próprios. Montaigne sugeria que puséssemos a nossa vida antes da «vida de César». Mas nem aí as ideias nos salvam.



E que bem faria a muitos jotinhas da nossa praça ler, reler e meditar sobre estas sábias palavras. JR

domingo, maio 23, 2004

Dia da Ascenção 

Hoje a Igreja Católica celebrou o dia da Ascenção. Estive no Alentejo, numa missa em memória dos familiares, amigos e conhecidos da aldeia que faleceram nos últimos meses. O padre, um homem com grande preparação e inspiração, transmitiu-nos alguns pensamentos verdadeiramente cristãos, confortando de certa forma todos os presentes.
Tenho poucos conhecimentos sobre a Bíblia e a Teologia, pelo que raramente entro em debates sobre a religião. Em relação a este dia que se celebra, mantenho de certa maneira um cepticismo grande. Após a ressurreição, Jesus podia perfeitamente ter ficado entre nós, a espalhar o seu amor infinito e as suas preciosas parábolas. Em vez disso, foi ter junto do Pai que o chamou dos céus. Suponho que ao longo da história milhares de brilhantes homens e mulheres da Igreja tenham encontrado as mais brilhantes justificações para tal acontecimento. Eu não encontro, pelo que pessoalmente vivi este dia da Ascenção como qualquer outro Domingo cristão. Quanto aos nossos que nos deixaram, que descansem em paz. Hoje como sempre, nunca os esqueceremos. RM

sexta-feira, maio 21, 2004

Viva México! (III) 



Templos Maias de Chichen Itza, Península de Yucatan, México - Abril de 2004

Adeus, Amílcar! 

Não deixas saudades na hora da despedida, sobretudo agora que me lembro da tua genial teoria segundo a qual parte dos incêndios do ano passado se deveu às granadas que os nossos soldados trouxeram da guerra do Ultramar! Deixas apenas um grande suspiro de alívio da nossa parte! A situação difícil em que se encontra o país requer um governo com homens e mulheres à altura dos enormes obstáculos atravessados no nosso caminho. Os que não têm qualidades políticas e/ou técnicas para o cargo, só têm que se despedir...ou ser despedidos. Este governo ainda tem muito para oferecer a Portugal, mas primeiro há que renovar os elementos mais cansados e exaustos após estes dois anos difíceis. Esperam-se mais novidades nas próximas semanas... RM

quinta-feira, maio 20, 2004

Muito obrigado, Agustina. E parabéns! 

A escritora portuguesa Agustina Bessa-Luís acaba de ganhar o Prémio Camões, uma vitória há muito merecida. A autora do livro "Os meninos de ouro" (título que nos inspirou para o nome deste blog) e de inúmeras excelentes obras literárias contribuiu de forma exemplar para a Língua e a Cultura portuguesas. O que mais admiro na sua obra (da qual ainda só li "Os meninos de ouro" e os dois primeiros volumes da trilogia "O princípio da incerteza") é a descrição perfeita da civilização do Douro, que assim fica imortalizada em páginas cuja grandeza poucos escritores e escritoras conseguem igualar. Mas a própria autora é tão admirável quanto a sua obra. A sua intervenção na Imprensa e na sociedade, a sua tranquilidade optimista (em contraste flagrante com as depressões de António Lobo Antunes ou a acidez espiritual de José Saramago), e o respeito que muitos em Portugal lhe prestam, garantem sem sombra de dúvida que estamos perante uma mulher cuja existência foi vivida ao máximo. Um exemplo que agradecemos, e que tencionamos seguir. Obrigado e parabéns! RM

quarta-feira, maio 19, 2004

Viva México! (II) 



Pirâmide de Chichen Itza, Península de Yucatan, México - Abril de 2004



Sem perdão 

Estava eu ontem à noite a trabalhar em casa quando dei por mim a seguir o programa "Parlamento", n’A Dois. Debatia-se a actual situação no Iraque, nomeadamente os maus-tratos a prisioneiros Iraquianos, recentemente divulgados. Até que o representante do PSD, o deputado Costa Neves, começa a comentar a situação, respondendo a Luís Fazenda, do Bloco de Esquerda. E aí ouvi argumentos que não me agradaram em nada. E que argumentava Costa Neves? Basicamente, que tinha estado "na guerra". E que na guerra cometem-se coisas daquela natureza. Que os soldados podem ser levados, em momentos de maior tensão, a cometer actos como aqueles cometidos em Abu-Gharib.

Ora este argumento, por muito correcto que possa ser do ponto de vista formal, é para mim absolutamente inaceitável. Os maus-tratos a prisioneiros iraquianos, profusamente documentados em imagens, não têm nem devem ter qualquer justificação. Não podem exigir de nós qualquer esforço de intelectualização para melhor os compreendermos. Não lhes devemos conceder isso. Lembro-me que na tarde do dia 11 de Setembro de 2001, uma das coisas que mais me revoltou – para além das horripilantes imagens das Twin Towers em chamas – foi a reacção de muito boa gente que condenava os atentados e lamentava as vítimas, mas era igualmente lesta a denunciar as "causas", a apontar as "razões", a lembrar os "antecedentes". Entre essas pessoas contavam-se o nosso Primeiro-Ministro da altura e o nosso Presidente da República. A revolta e o desconforto que senti nessa altura são os mesmos que sinto hoje, quando ouço aqueles que gastam litros de saliva para explicar o inexplicável, a relativizar e contextualizar aquilo que não tem qualquer justificação. Costa Neves pode pensar que os soldados Americanos teriam eventualmente razões mais ou menos válidas para voluntariamente cometer aquelas atrocidades. Eu acredito que é precisamente por serem soldados dos Estados Unidos que estes actos são absolutamente imperdoáveis. Porque o frágil património de autoridade moral que aquele país e os seus aliados detinham por terem libertado os Iraquianos de uma ditadura infame pode ter sido perdido de vez. E também – e talvez mais grave ainda – por poderem vir a fazer com que o sangue dos seus quase 1000 camaradas de armas mortos até agora tenha sido derramado em vão. A divulgação destas imagens colocou aqueles soldados - e as tropas Norte-Americanas, por arrastamento – ao mesmo nível dos torcionários do regime de Saddam, que até há pouco mais de um ano, e durante mais de vinte anos, tinham praticado diariamente actos daquela natureza e outros muitíssimo piores dentro daquelas mesmas paredes.

Eu sei que nesta altura é difícil, mas peço apenas que se pare para pensar um pouco, com um mínimo de bom senso e de cabeça fria. Para nos lembrarmos que os soldados naquelas fotografias não representam de modo algum os 130.000 soldados Americanos actualmente estacionados no Iraque. Para nos lembrarmos que os responsáveis por estes crimes enfrentam penas severíssimas em tribunais militares [à hora a que escrevo este post o primeiro soldado americano acaba de ser condenado a expulsão do Exército e a um ano de prisão] e que em muito poucas nações do mundo estes actos teriam sido divulgados tão depressa e por uma Comunicação Social tão atenta e exigente. Finalmente, para nos lembrarmos de que crimes como estes – e outros muito piores, como já disse – ocorreram nas masmorras do regime de Saddam Hussein aos milhares, durante décadas, por todo o Iraque, sem que nada se soubesse. Esse tempo acabou. E é precisamente por isso que apoiei e ainda apoio a intervenção da Coligação no Iraque.

Eu sei que é difícil. E pior ainda, receio que seja pouco. Os trotsquistas fanáticos do Bloco de Esquerda (com a conivência do PS, que agradece pelo trabalho sujo que não está disposto a fazer) têm agora terreno livre para, com a sua demagogia, manipular a opinião pública Portuguesa e julgar a actuação e o comportamento das dezenas de milhar de soldados de mais de trinta nações actualmente no Iraque, pelos actos estúpidos e criminosos de umas poucas dezenas deles. Ou até – como sucedeu há poucos dias em plena Assembleia da República – tentar incriminar sub-repticiamente e com total impunidade o nosso diminuto mas valoroso contingente da GNR actualmente estacionado em Nassyiriah. E a fanáticos deste calibre (que secretamente se regozijam com todo esta tragédia) não se pode responder com "mas" nem meio "mas", como fez o deputado Costa Neves. Tem de se responder com uma condenação total e absoluta destes crimes e exigir justiça rápida e severa, quer para os seus perpetradores, quer para os responsáveis políticos e militares que eventualmente tinham conhecimento destas práticas. O que está em jogo no Iraque é demasiado sério para ser deitado por terra pela estupidez de um punhado de soldados e pelo fanatismo das patrulhas de anti-ocidentais. JR

segunda-feira, maio 17, 2004

Valeram a pena os 30 euros 



Mas continuo a acreditar que a minha adolescência só terminará oficialmente no dia em que formos campeões. E agora estou cansado. Muito cansado. Agora vou dormir. Amanhã serei feliz. Até amanhã. JR

sábado, maio 15, 2004

O Império que contra-ataca 

Os nossos parabéns à rapaziada do Quinto dos Impérios pelo seu primeiro ano de vida na blogosfera. Atentos, informadíssimos, sempre em cima da actualidade e do acontecimento, são este os meninos que diariamente fazem sua a nobre e corajosa missão de enfrentar os barnabés desta vida. O grafismo é agradábilíssimo, o registo despretensioso e bem-humorado. Se o Quinto Império for algo parecido com isto, então valerá bem a pena esperar por ele. JR/RM


quinta-feira, maio 13, 2004

Santa Ana 



Estreia hoje. Não percam. JR

terça-feira, maio 11, 2004

À conversa com Miguel Portas 

Assisti hoje à tarde a um debate onde o candidato a Eurodeputado pelo Bloco de Esquerda Miguel Portas apresentou algumas ideias e discutiu alguns assuntos com uma plateia de cerca de quarenta pessoas. Tal como eu já supunha, trata-se de um homem bastante inteligente e que comunica de uma forma sedutora com a sua audiência. Apresentou um conjunto de pontos para debate, ao que se seguiram duas rondas de perguntas e respostas.
A sua proposta mais curiosa e talvez mais utópica relaciona-se com o papel da Europa no mundo: para impor diplomaticamente os seus valores humanistas a Europa tem que reduzir as suas barreiras proteccionistas, exigindo como contrapartida que o Terceiro Mundo aumente os direitos dos seus trabalhadores, criando-se assim um sistema internacional de trocas comerciais mais justo para ambas as partes, onde só ficariam a perder as grandes multinacionais que vendem no Primeiro Mundo e exploram no Terceiro. Além de eu não concordar com esta forma de encarar as relações internacionais no presente, estou certo que para o futuro tal projecto seria irrealizável, pois os custos sociais nos países ricos seriam inaceitáveis para os seus eleitorados. A complexidade da proposta levou a que ninguém a comentasse.
Depois seguiu-se um debate barnabaico em que se falou do Iraque, do "Império Americano", da coragem espanhola em abandonar a sua missão, do complexo militar-industrial-científico que influencia a cúpula do poderio americano, de Bush, dos negócios do grupo Carlyle...
Sensatamente, abstive-me de intervir nesta fase da discussão, pois era impossível exprimir de forma convincente, perante aquela audiência, os meus diferentes pontos de vista.

A certa altura fiz três perguntas ao Miguel Portas. "O tratado constitucional europeu vai ser aprovado por 25 parlamentos ou vai ser aprovado directamente pelos 453 milhões de cidadãos da União Europeia?"; "Como vai ser feita essa aprovação em Portugal?"; "Qual é a posição do Bloco face ao tratado e à forma como vai ser aprovado?".
Respondeu que o tratado vai ter que ser, no mínimo, aprovado pelos 25 parlamentos, e que basta um chumbo nacional para impedir a sua aprovação a nível comunitário. Depois de ser aprovado, será necessária a concordância de todos os estados-membros para o rever. O tratado vai permitir a criação de um directório formado pela Alemanha, França, Reino Unido e Itália, países cujos poderes se vão tornar desproporcionais em relação ao dos restantes 21 estados da União. Após adquirirem tais poderes, é pouco provável que os membros do directório permitam uma revisão do tratado nos seus pontos cruciais...
Assim, o Bloco propõe um referendo nacional em que o NÃO vença, seguindo-se um verdadeiro processo constitucional europeu (tal como foi o da Constituição Portuguesa em 1976, que apesar dos seus defeitos não deixou de reflectir democraticamente os desejos - utópicos,é certo - da maioria dos portugueses daquela época), processo esse a partir do qual se obteria uma Constituição democrática, cuja legitimidade seria aceite por todos, quer concordassem com ela ou não. Esta é a posição do Bloco.

Fiquei bastante satisfeito com a resposta. Não aceito que este tratado pró-directório venha a ser aprovado pela porta do cavalo, e não compreendo porque é que a Direita portuguesa, que sempre se preocupou com o poder e a soberania nacionais, não seja a primeira força a exigir um referendo e um NÃO ao tratado nesse mesmo referendo. Por outro lado tenho a consciência que uma coisa é aprovar uma Constituição para quase 10 milhões de pessoas, e outra é aprovar uma para 453 milhões. Como seriam eleitos os representantes? Por quanto tempo se prolongariam os trabalhos? E se de repente os países insatisfeitos com o processo decidissem abandonar a União? Tudo isto são questões muito complexas, mas que acabam por reforçar que seria extremamente irresponsável aprovar de forma leviana um documento que pode vir a prejudicar gravemente a coesão e a harmonia desta União à qual eu tanto devo e com a qual tanto me preocupo.

Seguiram-se algumas questões de natureza fiscal, uma menção jocosa sobre Alberto João Jardim e por fim uma bonita frase dedicada aos filhos, com a qual o debate foi encerrado em beleza. Para mim tudo isto foi um exercício de cidadania. Não fui minimamente influenciado pelas posições anti-americanistas primárias, e por outro lado concordei com a posição de Portas em relação ao tratado constitucional que se prepara para ser aprovado. O melhor de tudo foi a ausência de jornalistas: é bom saber que por vezes o único remédio dos políticos é falarem e debaterem directamente com as pessoas, e não através da comunicação social. Que pena não termos por cá o ministro Paulo Portas na semana que vem, seria delicioso comparar as suas ideias com as do seu irmão! RM

segunda-feira, maio 10, 2004

Até já 



Este blog encontra-se à média-luz. O meu PC foi à faca e escrevo este post em computador alheio, pago com o dinheiro de todos nós. Durante os próximos dias ficarei remetido à condição de leitor, cheio de pena de não tomar parte na última polémica entre o Filipe e o Alex, a propósito do Iraque. Por agora, e em jeito de até já, algumas impressóes do último fim-de-semana:

- O concerto dos Lambchop no Sábado, com a Aula Magna à cunha. Pouco conhecia destes senhores de Nashville, mas a verdade é que há já muito tempo - desde o "Trail of Stars" dos Walkabouts, para ser franco - que não ouvia nada como aqueles primeiros 30/45 minutos. A melancolia majestática e avassaladora. O silêncio religioso. O piano lancinante. Aquela rapariga à minha frente, chorando como uma madalena, em silêncio absoluto. Fiquei fã.

- O fim da Superliga. Algumas semaninhas de descanso até ao Euro, quando o futebol a sério começar. Já não era sem tempo.

- A desilusão que foi o Bacalhau Lascado do Roda do Leme, no Parque das Nações. Em contrapartida, rendi-me em definitivo aos tintos do Douro. O Tapada do Chaves de 1999 é uma verdadeira bomba H. E por falar nisso, a adega do meu abrigo anti-atómico conta assim a partir de hoje com mais umas garrafinhas deste precioso néctar. Um pedaço de civilização a preservar a todo o custo.

- A obrigação de ter que escrever o melhor "post" dos últimos tempos, no prazo de quatro dias. A diferença é que desta vez não será aqui, mas numa simples fita amarela.

E por agora é tudo. Fiquem com o Ricardo, que ficam muito bem entregues. Citando o Tio Arnie, I'll be back. JR

"À excepção da Honra, neste mundo tudo se compra e tudo se vende" 

Faleceu ontem com 86 anos António Sommer Champalimaud, um dos maiores empresários portugueses de todos os tempos. Amado por poucos, odiado por muitos, respeitado por todos, foi um homem que nunca se deixou vergar pelas dificuldades que o destino lhe colocou pela frente. O seu império industrial, destruído durante o PREC, teria sido o seu maior legado para o futuro. Assim, a maior herança que nos deixa é um exemplo de vida e de luta, mostrando que os portugueses podem ser grandes e competitivos ao nível mundial, desde que tenham a determinação e o génio para vencer. RM

sexta-feira, maio 07, 2004

Dien Bien Phu, 50 anos depois 

Há cinquenta anos, no dia sete de Maio de 1954, os últimos soldados vivos do reduto fortificado "Isabelle" renderam-se após 56 dias e noites de combates incessantes (desde 13 de Março até 7 de Maio). No dia seguinte a delegação francesa em Genebra pediu um armistício à delegação Vietnamita. Esta batalha alterou o curso da história, pois a partir daí os movimentos de libertação compreenderam definitivamente que as potências coloniais podiam ser esmagadas por forças de guerrilha. Até aí, as potências coloniais apenas haviam sido derrotadas militarmente por outras potências coloniais, caso das derrotas do Império Britânico às mãos do Império Japonês, na Segunda Guerra Mundial.
Fascinado com este titânico embate entre os 100,000 homens e mulheres do general Giap e os 15,709 homens do Coronel Christian de la Croix de Castries, decidi investigar um pouco mais. Durante o fim de semana colocarei mais posts sobre este importante acontecimento histórico. RM

Parabéns a você... 

O Abrupto fez ontem um ano. É com muita satisfação que damos os nossos parabéns a José Pacheco Pereira, pela companhia que os seus textos proporcionam, pela qualidade que possuem, pela interacção com os leitores e sobretudo pela visibilidade (positiva - ao contrário de "muitos mentirosos" e outros que tais) que trouxe ao mundo dos blogues, um admirável mundo novo onde pessoas com um mínimo de cultura podem trocar ideias, aprender e pensar. Muitos parabéns e até para o ano! RM/JR

terça-feira, maio 04, 2004

Pétalas caídas (X) 




Talvez me possam informar - eu tenho imensas lacunas no cinema português. Mas assim de repente, não me lembro de uma única cena do nosso cinema passada no metropolitano. O metropolitano é um dos grandes momentos de uma cidade. Um curso de sociologia. A colisão de milhares de estranhos. E a ideia, tão óbvia e tão intraduzível, de que cada um desses estranhos tem o seu caminho e o seu lugar. Aconteceu-me durante anos. Ainda hoje me acontece. Ver as mesmas pessoas no metropolitano, em horas diferentes, em linhas diferentes. Os meus horários são erráticos, de maneira que os sucessivos reencontros que tenho com as mesmas pessoas são fruto do acaso. O acaso é o acaso. A lógica não explica tudo. E, mesmo assim, eu tenho dúvidas. Se alguma coisa nos acontece uma vez, é acaso. Se se repete outras vezes, fico sem saber o que é.

Pedro Lomba, in "Flor de Obsessão", 4 de Dezembro de 2003


Gosto muito de metropolitanos. Tudo se pode fazer num metropolitano. Maníacos da observação e do voyeurismo devem andar umas horas de metro por dia e ir à vida depois. Se encontrarem algum papalvo a ler Espinosa, digam-lhe que já ninguém se impressiona com o que uma pessoa lê e mandem-no fechar o livro. Se virem uma menina ler Dostoievsky, fiquem-lhe, pelo menos, com o nome, mas não sem antes a prevenirem contra os excessos de exposição à literatura russa. Apesar disso, o metro de Lisboa é radicalmente imperfeito. Rede curta, poucas paragens, arte nas estações quando uma pessoa só queria limpeza e bons acessos. As máquinas que vendem bilhetes eletrónicos são também um perigo e uma decepção. Vejam: aproxima-se um servo de Deus e a maquinaria diz-nos: «Toque-me». Ora, eu digo-vos, com toda a facúndia, que nunca, mas nunca, tocarei numa máquina de venda de bilhetes. Definitivamente, não fazem o meu tipo.

Pedro Lomba, in "Flor de Obsessão", 18 de Agosto de 2003

domingo, maio 02, 2004

Um povo simpático e hospitaleiro 

Quando estive na Polónia, em 2000, fazia um inter-rail pela Europa de Leste, na companhia de dois amigos açoreanos. Chegámos tarde a Cracóvia, cerca das nove da noite, mas tivemos a sorte de encontrar uma jovem polaca da nossa idade, simpatiquíssima e desenrascada. Levou-nos a uma pousada da juventude, que no entanto estava cheia. Nós ficámos desolados; mas a rapariga da recepção não baixou os braços: para nosso espanto, disse que podíamos ficar no quarto onde ela e o namorado dormiam! Em todas as viagens que fiz na minha vida, este foi o maior exemplo de hospitalidade e confiança que encontrei. No dia seguinte essa nossa amiga levou-nos a um restaurante típico afastado da zona turística, onde comemos pratos genuínamente polacos. Fomos com ela ao Castelo, à Catedral e ao Mercado Central da cidade. Um dos meus amigos chegou mesmo a apaixonar-se por ela, mas isso já são outras histórias…
Enfim, os poucos Polacos que conhecemos nesses dias felizes eram pessoas extremamente amigáveis que nos receberam de braços abertos e que admiravam bastante a União Europeia. Reconheço que não é um grupo representativo dos 38,6 milhões de Polacos, mas menos representativos ainda são os desfiles da extrema-direita polaca nas ruas. Infelizmente, os jornalistas estrangeiros seguiram tais manifestações como moscas atraídas pelo mel, em vez de circularem pelas ruas secundárias à procura do cidadão polaco comum, orgulhoso das suas tradições e crenças, e que votou sem hesitar pela adesão à União. São esses cidadãos maravilhosos que eu hoje recebo de braços abertos, nesta grande família europeia à qual finalmente todos pertencemos. RM

A caminho da Liga dos Campeões 

Só falta uma vitória (ou empate) para o Benfica chegar à pré-eliminatória da Liga milionária. Hoje, num jogo relativamente aborrecido mas limpo, os dois génios encarnados foram Moreira e Giovanni. O futebol tem noites destas, e o facto de ter sido uma vitória num derby decisivo dá-lhe um sabor muito, muito especial. Viva o Benfica! RM

sábado, maio 01, 2004

Nobre e serena, eis a Nova Europa 

Da noite para o dia a União Europeia passou de 15 para 25 estados-membros. É o maior mercado do mundo, com 453 milhões de habitantes e cuja riqueza corresponde a um terço do PIB mundial. Eu encaro com bastante optimismo este alargamento. Primeiro, porque os valores humanistas da Europa Ocidental se vão espalhar por territórios que ao longo da história quase sempre conheceram apenas a violência de impérios cruéis e a tirania dos déspotas locais. Esses valores serão consolidados pelos fundos estruturais que, se forem bem aplicados, proporcionarão aos povos do Leste e do Mediterrâneo um nível de vida justo e proporcional às suas capacidades. Segundo, porque vai ser mais fácil viajar e investir nesses territórios. Em 2000 eu fiz um inter-rail na Europa de Leste e houve uma noite em que fui acordado quatro vezes no comboio, por guardas fronteiriços relativamente desconfiados, exigindo passaportes e bilhetes. Mas recordo também que no regresso para o Ocidente, a agente Austríaca, ruiva e hospitaleira, pediu-nos que demonstrássemos ter uma boa quantia de dinheiro, senão teria dificuldade em acreditar que éramos turistas, e não imigrantes balcânicos ilegais…este tipo de cenas em breve terminarão.
Terceiro porque espero que esta grande Europa se aperceba finalmente do seu peso e dos seus trunfos. Após a coesão económica e social interna, é necessário passar à coesão da política externa. Sem esta, corremos o risco de sermos o bombo da festa da diplomacia mundial, com grupos antagonistas de países europeus degladiando-se enquanto o mundo espera por decisões claras e acções pragmáticas.
Fica agora a questão: como vai progredir a coesão política? A futura constituição aponta para um directório de países grandes que hão-de decidir em nome de todos. Depois de ter visto a França e a Alemanha violarem impunemente o Pacto de Estabilidade, concluí que um directório seria um desastre completo para a União. E preocupa-me que essa Constituição seja aprovada pela porta do cavalo (ou seja, por governos e parlamentos) e não directamente pelos 453 milhões de seres humanos que a ela vão estar sujeitos. Do pouco que sei sobre ela tenho a certeza que votaria NÃO num referendo. E após esse não, esperava pela elaboração de um texto mais justo, em relação ao qual votaria SIM. Tão simples quanto isto.
Em relação à cobertura noticiosa do alargamento, chocou-me a forma como a Polónia foi descrita. Amanhã escreverei sobre esse assunto. Hoje abre-se uma nova era para os europeus. Há muito tempo que não se vivia um ambiente tão promissor neste Velho Continente que se apresenta mais jovem do que nunca. RM

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