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quarta-feira, julho 20, 2005

Se a vida fosse justa, não nascíamos a chorar (II) 

Pedro Mexia explica-nos o que entende por "Situação limite".
Não se fiquem pela leitura desse post apenas. O blogue tem muito mais para mostrar e para vossa surpresa, hão-de acabar por tropeçar em pensamentos inesperados e bastante interessantes.
RM

Se a vida fosse justa, não nascíamos a chorar 

O site brasileiro dos Malvados cativou-me desde o primeiro instante em que o visitei. As injustiças da vida, o sofrimento dos ingénuos e dos inocentes, a superioridade permanente dos cínicos, dos egoístas e dos cruéis são-nos reveladas de forma simples, sem floreados nem grandes pinceladas. As críticas feitas à televisão, à internet, às relações entre homens e mulheres, aos vícios humanos e à solidão de muitas pessoas são brilhantes e devastadoras - devastadoras no sentido em que aqueles desenhos feios não só representam o mundo real como são o mundo real de muitas pessoas.

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Quando estive no Algarve com o meu velho amigo João meditei um pouco sobre os Malvados; ali na praia, na esplanada, no convívio, estas tirinhas tristes perdem todo o sentido, pois deixam de representar a realidade. Espero por isso (e creio que o autor dos Malvados concorda comigo) que um dia todos possamos afirmar que aqueles desenhos não fazem sentido nenhum.
Visitem o site, que vale a pena. Os quadradinhos acima expostos são apenas um exemplo das muitas tiras geniais que os Malvados apresentam.
Sugiro que coloquem no leitor de CDs o álbum "Americana" dos Offspring enquanto visitam os Malvados. Os temas mais adequados são: "Pretty fly (for a white guy)", "The kids aren't alright", "Walla walla", "Why don't you get a job", "The end of the line" e o brutalíssimo "She's got issues". Enfim, a cultura White Trash no seu melhor, ou seja, no seu pior.
RM

sábado, julho 09, 2005

O efémero regresso 

O João Ricardo regressou de Lion, França, onde estudou um ano por via do programa Erasmus. Esteve cá apenas duas semanas e vai partir em breve.
Durante estes dias tranquilos visitámos o Museu da Presidência da República, a exposição de fotografia da Magnum no CCB, almoçámos fora e demos umas voltas de carro pela cidade.
Noutro dia estava a ver a infame série "Six feet under" (TV 2, segunda, 22:30) e ao ver as personagens numa "road trip" no México, lembrei-me logo de sugerir ao João que fizéssemos uma viagem ao Algarve!
Foi uma semana excelente! Mala leve, gasóleo no carro, uns trocos no bolso e lá fomos nós, tendo os céus como único limite. Chegámos à casa, arrumou-se as bagagens, preparou-se uma refeição e fomos tomar um café num bar com ar condicionado, essa maravilhosa invenção da humanidade. As conversas seguiam com o ritmo tranquilo do ambiente. Fizémos parte do balanço deste longo ano em que o João esteve afastado em França. Para ele, os melhores dias foram quando um grupo de amigos e amigas que faziam Erasmus organizaram uma viagem que começou em Lion e abarcou o Norte de Espanha, incluindo San Sebastian e Bilbau, onde puderam apreciar ao vivo essa preciosidade arquitectónica que é o Guggenheim, uma obra-prima que transformou uma cidade industrial num verdadeiro destino turístico.

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Foi um ano em grande para o João. Recordou-se muitos momentos enquanto andámos na praia e também em casa, quando metíamos uns aperitivos nos pratos (amendoins, caju, passas de uva e cheetos), abríamos duas cervejas e deixávamos o tempo passar com serenidade, agora que não estávamos sujeitos à sua tirania diária...
As noites eram passadas nas esplanadas, apreciando as bebidas e toda a fauna humana que nos rodeava. A temperatura era amena e notava-se uma grande satisfação nos rostos das pessoas que circulavam pela marginal.
Olhando o mar na última manhã que lá passei, lembrei-me que só voltarei a ver o meu amigo daqui por seis meses, quando terminar o seu estágio em França. Também por esse motivo estes dias ganharam um valor ainda mais especial e temos pela frente muitos e bons anos para poder repeti-los.
Boa viagem e bom estágio, caro amigo!
RM

sexta-feira, julho 01, 2005

Um guerreiro da Liberdade 

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Emídio Guerreiro é das figuras mais fascinantes do século XX português. Republicano e maçon, combateu a ditadura militar em Portugal, combateu o Salazarismo, lutou na Guerra civil de Espanha, combateu o nazismo, esteve preso em Portugal e num campo de concentração em França, foi um dos fundadores do PPD e também líder desse partido.
No pós-25 de Abril, quando a extrema-esquerda ameaçava na rua que quem não estava com eles era fascista, poucos no PPD tiveram coragem para fazer campanha eleitoral em Évora. Pois bem, o "velho" Guerreiro ofereceu-se para organizar um comício nessa cidade, ao qual ele chegaria não de carro nem a pé, mas sim... de pára-quedas! Um homem com mais de setenta anos a fazer pára-quedismo numa das zonas menos favoráveis ao seu partido!
Esse plano acabou por não se cumprir, mas ficou o exemplo da coragem extraordinária deste ser humano, para quem a Liberdade era um valor em nome do qual tinham que ser feitos todos os sacrifícios.
Morreu aos 105 anos de idade, após uma vida recheada de aventuras, perigos, derrotas e vitórias. Faleceu na paz de um lar de Guimarães, certamente satisfeito por ter sobrevivido a todas as ditaduras que enfrentou ao longo do século passado.
RM

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