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sábado, julho 31, 2004

De partida 



Agora que se aproxima o primeiro aniversário deste blog, e antes de se porem a pensar nos festejos (mega-jantar no Cinderela ou na Portugália, escolham vocês, e quem falar em Feira Popular leva logo com um vírus em cima), gostaria apenas de chamar a atenção para algumas alterações pelas quais este blog e a nossa relação com a blogosfera irão passar.

Parto no próximo dia 13 de Agosto para Lyon, França, cidade na qual irei viver e estudar durante um ano, e na qual irei concluir o meu curso no INSA de Lyon, ao abrigo do programa Erasmus. Embora se trate de uma experiência completamente nova para mim e eu a sinta como um aliciante desafio pessoal e académico, é apenas e só uma aventura na qual embarca um cada vez maior número de estudantes universitários por essa Europa fora, Portugal incluido. Assim sendo, e num momento em que o Programa Erasmus desperta cada vez maior interesse em Portugal (do qual sou testemunha), decidi criar um blog no qual espero relatar a minha vida como estudante do INSA nos seus vários domínios, bem como aspectos de interesse relacionados com a vida no estrangeiro, na perspectiva de um estudante Erasmus português. Bem entendido, a minha vida privada não fará parte dele. Tudo o resto que me apeteça escrever, mas que não se enquadre no espírito do novo blog, continuarei a publicar aqui mesmo, num registo – espero – não muito diferente do actual. Uma coisa é por isso absolutamente certa neste momento: este blog vai cumprir um ano de vida a 13 de Setembro próximo. Numa altura em que tantos blogs que apreciávamos (ou não) desaparecem progressivamente, continuar parece-nos ser a atitude mais sensata e inteligente. Ainda temos muito para escrever. Este blog é para continuar.

E por agora é tudo. Esperam-me agora dez dias de praia, durante os quais este blog estará em suspenso. Tentarei voltar tão depressa quanto possível à escrita, mas até conseguir acesso internet em Lyon não terão notícias minhas, até porque nos dias 11 e 12 (que antecedem a minha partida) terei mais que fazer. Ate lá, é provável que o Ricardo volte à actividade, sendo que ficarão muito bem entregues. Au revoir e sejam felizes.
JR

Jardim Constantino, Sábado à tarde 

Sábado à tarde. Preciso de ir à estação de camionagem do Arco do Cego comprar os bilhetes de autocarro para o Algarve. Deixo o carro no final da Rovisco Pais, hoje que o estacionamento não é pago e lugares vagos é o que mais há. Agosto vem aí e os lisboetas vão deixando a cidade, deixando as avenidas calmas, desertas e sem trânsito. Agosto, esse mês mágico em que a cidade se torna infinitamente mais agradável, o trânsito desaparece, as filas são uma miragem, as esplanadas se tornam quase privadas, as avenidas mais solitárias e os jardins mais melancólicos. Atravesso a rua, contorno a estação e aproximo-me da entrada. Cá fora, a turba do costume. Taxistas malcheirosos e ressabiados, conversando em grupo enquanto esperam pelos clientes, discutindo animadamente a pré-epoca do Sporting ou conspirando o extermínio de todos os pretos e homossexuais que tanto lhes atormentam as existências. Ranchos de ciganos (os ciganos andam sempre em grupo) à espera de outros ciganos. Imigrantes romenos e ucranianos. Alemães adolescentes de mochilas de cinco andares às costas, consultando mapas e guias, discutindo preços com taxistas. Grupos de betinhos de partida para as suas férias de praia, inocência e malandrice, carregando pranchas de surf, violas e mochilas coloridas. Era capaz de jurar que estas pessoas são sempre as mesmas, talvez por eu julgar que são sempre as mesmas caras. Gente que define todo um universo que me é por demais familiar, gente sem a qual não sei como passaria. Lisboa é isto, não é mais nada. Entro na estação, no seu mundo de sombra, ar condicionado, filas de espera, caos organizado, monitores de partidas e chegadas. Dirijo-me ao guichet e compro os bilhetes. Serviço rápido, profissional e cortês. Saio de novo para a rua. Ainda é cedo para voltar. Preciso de um sítio onde me sentar à sombra, ler o jornal e onde possa descansar por um momento que seja destes últimos dias, destas férias a fingir de férias, destes dias em que nada mais tenho feito senão percorrer guichets e secretarias, preencher papeis, comprar coisas, carregar caixotes, tratar de documentos, vaguear febrilmente em parques de estacionamento de centros comerciais em busca de lugar, ir aqui e ali, “tratar de coisas”, como tão bem diz o meu pai, naquela maneira muito lisboeta de ser e de falar. Deixar tudo tratadinho antes de me ir embora. Dirijo-me de novo para a Rovisco Pais, atravesso o bairro de Arroios, e as suas solares e plácidas ruas, o tilintar dos prantos e talheres a sair pelas janelas, o almoço em família, o som da televisão, as bandeiras nas janelas, reluzindo sob o faíscante céu azul. Desço as escadinhas da Rua da Ilha do Pico (que nunca tinha descido) e dou por mim na Pascoal de Melo. Viro à esquerda e continuo a andar à sombra das árvores, desta vez pelos largos passeios, percorrendo lojas de electrodomésticos, agências de viagens, boutiques de bairro, snack-bares onde casais de meia-idade devoram bifes e bebem cerveja. Avisto já a sombra e o arvoredo do Jardim Constantino e atravesso a rua na diagonal, feliz e despreocupado, a Pascoal de Melo deserta, num Sábado à tarde. Lisboa não tem – infelizmente – um Hyde Park, uns Kew Gardens ou um Central Park, mas tem inúmeros jardinzinhos refrescantes, catitas e pacatos, escandalosamente ignorados pelos lisboetas e alguns deles (como este) entregues à mercê de indigentes. O Jardim Constantino, o da Estrela, o das Amoreiras, o Vale do Silêncio, tantos e tantos recantos desta cidade que mereciam mais e melhor atenção e preservação de quem de direito ou, simplesmente, do carinho e do usufruto de mais e mais lisboetas anónimos. Sento-me no banco menos sujo pela passarada, inspiro fundo de olhos fechados e abro-os de novo. Nada de novo. Apenas o mesmo cedro (aposto que quase centenário) à minha frente, a sua sombra a proteger o parque infantil. Do outro lado do jardim, deitados nos bancos ou estendidos na relva, os suspeitos do costume, drogados, vadios e indigentes na sua desgraça, na sua preguiça, na sua traficância. Trocam-se olhares e senhas, pacotes e sacos de plástico. No meu lado do jardim, alguns idosos, avós de meia-idade e casais adolescentes vigiam os filhos e netos nas suas correrias e brincadeiras nos brinquedos do parque, descansando e conversando igualmente à sombra das magnólias, dos jacarandás, das amoreiras e do velho cedro. É Sábado à tarde, folheio o jornal e, pela primeira vez em muitos dias, em muitos meses, despreocupado, sinto o coração em paz, quanto mais não seja por saber que todos os sábados de Verão neste jardim serão assim para sempre, esteja eu onde estiver, esteja eu como estiver. JR


Para a Gabriela,  



a qual, descubro com agrado, também cresceu com An American Warewolf in Paris (1997), um dos meus "teen movies" favoritos, expoente do género adolescentes-americanos-vagueando-pela-Old-Europe-no-rasto-de-Hemingway-Pound-Miller-e-outros-expatriados-que-tais, um genre que me é caro por demais (não é por acaso que sou fã destes senhores). Dentro do género, está longe de ser o meu preferido (rever o lindíssimo Before Sunrise), mas tem Paris, romantismo, inocência, noites perdidas e a Julie Delpy. JR

PS - Gabriela, não me esqueci do "light blogging". Dá-me algumas semaninhas, por favor, para quando regressar às lides bloguísticas.


sexta-feira, julho 30, 2004

A vidinha nunca existiu 

"Quando é que iremos ver o documentário que andas a preparar sobre o Professor Eduardo Lourenço? Mal esteja pronto o trabalho moroso, delicado como todo o tempo e contratempo que é preciso ter, paciência e resistência para fazer o que tem que ser feito, mesmo sem maré de feição: “acho que é um desafio trazer para a televisão temas que não são “palpitantes”. De tanto “palpitar” a televisão está sem fôlego...” Brinca, brinca e a brinca fala a sério e abre os olhos muito abertos para falar do que a levou até aqui: “segundo ele [Eduardo Lourenço], os portugueses sofrem de uma “hiper-identidade”, fazem pouca ou nenhuma auto crítica, acham mesmo que uma “almofadinha” os protege dos azares. Ou seja, os portugueses não são como os outros. Entre outras coisas, os portugueses não sentem o tempo que passa… daí o me interesse.” Que o mesmo será dizer o quê, Anabela? Não vivemos a vida senão como no poema dos passarinhos que faziam os ninhos, sempre ocupados a tecer casulos como bichos da seda em caixas de sapatos, a organizarmo-nos em tribos, capelinhas contras todos os corpos estranhos e temidos. Timoratos ou tolos? Quem são os portugueses do Professor? Serão os que largaram a terra e partiram, como ele ou como tu, para viver noutras cidades? Em entrevista recente, a Maria Augusta Silva, Eduardo Lourenço – o teu, o nosso e o dele (a ordem dos factores é, neste caso, muito arbitrária) – responde que tem saudades dos tempos “que hão-de vir” e onde ele não estará. E o que eu li aqui foi a vida de que se gosta, aliás ama. Vida tramada ou sem novidade, vida, seja o que for. Vida não é vidinha que é coisa que não existe. A vidinha nunca existiu."


[Excerto de um artigo da autoria de Camila Coelho sobre a jornalista da RTP Anabela Saint-Maurice, na revista DNa de 18 de Junho de 2004. JR]


quarta-feira, julho 28, 2004

"Porra, queimei-me!" 



Estou farto de notícias de incêndios. As televisões descrevem a catástrofe e suas acessórias misérias humanas com uma voracidade mórbida, quase sádica. As melhores imagens do inferno, os dramas humanos mais chocantes, vale tudo para subir nas audiências. Até vale arriscar a vida. Ontem um jornalista da TVI quase mergulhava nas chamas da Arrábida, para que o directo fosse mais "empolgante". Hoje uma jornalista da SIC descrevia a progressão de um fogo a partir de uma varanda; a descrição era desnecessária, pois na imagem observava-se o fogo a chegar junto à casa. As labaredas aproximaram-se, as faúlhas voaram, e tanto o operador de câmara quanto a repórter sofreram queimaduras leves. "Porra, queimei-me!", gritou ela enquanto ambos se afastaram do braseiro. Indignei-me com os riscos corridos por estas pessoas - uma vida vale mais que uma notícia.
E as notícias enjoam. Falar, descrever e discutir os incêndios, serve tanto para os combater quanto regar uma fogueira com gasóleo. Os fogos combatem-se com a mobilização total das comunidades, e esse apelo não se ouve na comunicação social e muito menos nos meios políticos, que assistem a esta tragédia com um fatalismo irresponsável.
Quando tinha doze ou treze anos houve um enorme incêndio na maior herdade da região dos meus avós. Toda a freguesia se dirigiu para o local, assistindo os bombeiros com dezenas de ramos com os quais apagávamos as chamas menores. O calor era suportável até ao momento em que o vento soprava na nossa direcção e era como se a minha pele fosse lambida por uma enorme língua em brasa. Mas o pior era o fumo, que nos cegava e intoxicava. Perante esse inimigo feroz, até os mais afoitos eram obrigados a recuar. À noite o campo morto e carbonizado continuava iluminado pela muralha de chamas, surgindo aqui e ali minúsculos pontos brilhantes que a pouco e pouco se apagavam. Fomo-nos deitar exaustos. Regressámos na manhã seguinte ao campo de batalha. O ar sombrio que os bombeiros apresentaram na noite anterior transformara-se num esgar de orgulho vitorioso. A meio da manhã o inferno terminou. E muitos partiam satisfeitos por terem contribuído na defesa de uma terra que sendo pertença dos vizinhos, na realidade era a Terra-Mãe de todos. Percorremos a estrada em redor da enorme herdade, pois queríamos ver o estado duma pastagem onde tínhamos três ou quatro sobreiros. A certa altura parámos e fez-se silêncio. O meu avô e o meu pai abandonaram a estrada, começaram a correr para a direita e saltaram sobre uma cerca com arame farpado. Sem perceber o que se passava, segui-os como uma lebre desengonçada. Após uma centena de metros apercebi-me que o fogo se reacendera, num ermo rodeado por pequenas colinas, azinheiras e enormes rochedos de granito. Pegámos nuns ramos e começámos a espancar as chamas adolescentes que apesar de já serem rebeldes ainda não possuíam a respeitável fúria de um incêndio crescido. Olhei para os patriarcas, o avô e o tio-avô: parecia que existiam há tantas eras quanto aquela terra fabulosa, a terra que não era deles mas que tão nobremente defendiam. Ao fim de meia hora vencemos, com maior facilidade que eu esperara. Num tempo em que ainda não havia telemóveis, aquela era a única atitude decente a tomar. Regressámos à aldeia numa altura em que os soldados da paz partiam de volta para o quartel. O incêndio foi vencido, e a televisão não estava lá. Ainda bem, pois não fazia lá falta nenhuma. RM

segunda-feira, julho 26, 2004

A quadratura do círculo 



Conseguida na pefeição. JR


domingo, julho 25, 2004

Abril sempre 

Meio da tarde, Fnac do Colombo. À minha frente, de costas,um senhor, uma t-shirt. Sobre um fundo negro, lancinante, a frase: "Não esquecer Abril". E por um momento concordo, sou solidário. A cidade é um inferno sob os céus do Sahara, e a única coisa que eu quero é Abril de volta. JR

quarta-feira, julho 21, 2004

O homem que mordeu o cão 

Parabéns ao Nuno Markl, que faz hoje 33 anos. Ouço pouco a Comercial mas quando apanhava o programa divertia-me com as inenarráveis estórias que só aquele trio de apresentadores consegue contar.
Quando o livro "O homem que mordeu o cão" saiu pressenti logo que seria um sucesso, pois o livro segue a regra de ouro para vender nos tempos que correm: primeiro o autor torna-se famoso, e só depois escreve um livro. Mas não é qualquer um famoso que vende cem mil exemplares numas férias de Natal, o que reforça o mérito de Markl.
Por outro lado, temos famosos que vendem seis edições...só que cada edição tem apenas 500 exemplares! Há ainda o caso de pessoas que pedem a colaboração de escritores para escrever as suas memórias (os jogadores de futebol são um excelente exemplo) e escritores que pedem a colaboração de desconhecidos para elaborarem obras de grande qualidade - esses desconhecidos, conhecidos na gíria literária como "négres" ou "negros", partilham os lucros da obra com os seus sócios famosos cujo talento enferrujou. A escritora Agustina Bessa-Luís conta uma destas estórias no seu romance "Os Espaços em Branco".
Em breve darei as minhas sugestões de leitura para o Verão, época em que todos temos tempo para ler um livro por semana, em vez de um por mês, como sucede comigo ao longo do ano. RM


sexta-feira, julho 09, 2004

Pela janela 

vejo o azul faiscante e oceânico do céu, e penso que passar um dia destes em frente ao computador devia ser proibido. JR


quinta-feira, julho 08, 2004

On The Beach 

Parabéns ao Ivan Nunes pelo primeiro aniversário do magnífico A Praia, um dos melhores blogs que para aí andam, e um dos meus favoritos de sempre. JR

segunda-feira, julho 05, 2004

Já é oficial 



Mas lá para o fim do mês eu conto tudo. Me aguardem. JR

Por outro lado, 

na biblioteca onde por estes dias costumo trabalhar e estudar, tinha sido pendurada na parede uma enorme bandeira de Portugal, saudando silenciosamente cada um de nós à entrada, velando tranquilamente aquele local de silêncio, estudo e recolhimento. Hoje ainda lá estava. Perguntei porquê. Porque a partir de hoje é ali que vai ficar. Nem que seja para isto, o Euro já valeu a pena. JR

domingo, julho 04, 2004

Homenagem 

A Sophia, que nos deixou (1919 - 2004).
Ao Professor José Hermano Saraiva, que continua a deliciar-nos com o seu programa televisivo "A Alma e a Gente". O de ontem à noite (no canal 2, às 21 horas), foi sobre a vida e obra do advogado e escritor Trindade Coelho. As últimas palavras do Professor, relacionadas com o fim trágico do escritor, são memoráveis: "Trindade Coelho não perdeu...porque depois dele vieram outros homens que pegaram no fardo de educar Portugal. Esta é a única terra que temos, e mesmo quando formos esquecidos e rejeitados para uma valeta podemos ter a certeza que outros homens vão pegar nesta "encomendinha" e que esta batalha nunca há-de acabar!"
Estou certo que o exemplo destes três grandes Portugeses nunca será esquecido, e nos ombros destes gigantes se hão-de apoiar outros, garantindo que o formidável projecto fundado pelo jovem D. Afonso Henriques em 1128 permanecerá durante os séculos que se aproximam. RM

sábado, julho 03, 2004

(*) 

(*)

sexta-feira, julho 02, 2004

Os nus e os mortos - Genocídio em Darfur 

A imprensa Ocidental descreve eufemísticamente os homicídios em massa no Sudão como uma "guerra civil". Não estão a mentir, da mesma forma que alguém sem vergonha na cara estaria a dizer a verdade se considerasse os massacres de milhares de seres humanos em Srebrenica, na Bósnia, como uma batalha numa guerra civil.
O homicídio em massa com o propósito de exterminar um povo não se chama Guerra, chama-se Genocídio.
O ano passado os rebeldes das tribos oprimidas do sul do Sudão dirigiram-se para Darfur, procurando expulsar as autoridades do Governo que controlavam a área. Se a República Islâmica do Sudão tivesse um exército, enviava-o para repor os seus governadores. Como não o tem, recrutou bandoleiros, traficantes de escravos e outros patifes, que iniciaram uma inenarrável campanha de limpeza étnica, na qual todos os que não sejam árabes são eliminados. A União Europeia luta por uma constituição em vez de lutar pela justiça no mundo. O Congresso dos EUA não pode denunciar o genocídio: se o fizesse, o país era constitucionalmente forçado a intervir no Sudão, e tendo em conta o que o mundo pensa actualmente da América, rapidamente milhões de manifestantes protestariam contra "o genocídio do povo sudanês pelo Império Americano".
No entanto, a calamidade já ameaça igualar a do Ruanda, no médio prazo: mais de dez mil mortos, um milhão de refugiados (conseguem imaginar um milhão de portugueses refugiados? - pois é, há seres humanos no primeiro mundo, mas parece que no terceiro mundo os seres não são tão humanos). Os bandidos patrocinados pelo governo entram nos campos de refugiados e espalham a morte. A vergonha do Ruanda começou a soar alto, e finalmente a diplomacia mundial entrou em acção: Kofi Annan e Colin Powell estão no Sudão, tentando pressionar o governo a retirar os seus lacaios da região. Espero que o consigam. Seria um triunfo excepcional da diplomacia sobre a guerra.
Mas eu lembro o seguinte: como se pode negociar com indivíduos que ordenaram o extermínio de milhares de seres humanos sem sequer pestanejarem?
A única solução que vejo para o Sudão é a separação política entre o Norte árabe e o Sul africano. Mas ninguém quer assumir as responsabilidades nem os sacrifícios inerentes a tais combates: entretanto, as tribos do Sudão vão sendo sacrificadas. E nós mudamos da CNN para a MTV, pois a morte ao vivo é demasiado repelente para ser observada mais que dois minutos seguidos. RM

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